Roberta Abreu (99208)
O antigo grupo musical de reggae, "O Rappa", durante muitos anos trabalhou e deixou seu legado de composições musicais com sinceras denúncias das mazelas sociais. Dentre tantas canções, o destaque de hoje vai para Minha Alma, também conhecida como A paz que eu não quero.
Confesso que, por muitos anos, escutei incontáveis vezes e sabia de cor, mas jamais imaginei que por trás das entrelinhas houvesse tanto sentido e vericidade. Em suma, a música fala de um cara que cai na real e percebe que está coagido pela sociedade a não expressar sua voz, suas verdades e opiniões; e esse mesmo cara, por muito tempo, acreditou estar vivendo em paz, só que graças aos seus momentos de inalienação, ele entende que não se trata de tranquilidade, e sim de medo e opressão do seu ponto de vista.
Saca essa estrofe:
"A minha alma tá armada e apontada
Para cara do sossego!
Pois paz sem voz, paz sem voz
Não é paz, é medo!"
Agora flagra esse pedaço:
"Procurando novas drogas de aluguel
Neste vídeo coagido
É pela paz que eu não quero seguir admitindo"
Drogas de aluguel que ele fala são materializadas como o rádio, a TV, os jornais, a Internet e qualquer outro veículo midiático que exerça dominância/força sobre as opiniões individuais na sociedade. São drogas porque viciam, nos alienam e nos deixam apáticos, só recebendo informação e aceitando elas sem questionar, sem buscar a procedência, e, além de tudo, nós deixamos que ela se infiltre dentro de nós mesmos, afogue nossas concepções e molde nossa personalidade; nos tornando prisioneiros de suas manipulações.
Dica do dia: se você tem uma opinião formada, se você tem pra si aquilo que acredita como verdade, não se deixe calar por qualquer um. Seja ativo, se manifeste. Você tem boca e ela não foi feita só pra cumê. Não acredite nessa falsa paz: converse mais, dialogue mais, grite mais, se expresse mais. Não se deixe coagir, lute pela quebra do seu silêncio (a não ser que não saiba nada de nada que nem a Glória nessa entrevista rs)
Nenhum comentário:
Postar um comentário