O Jornal de Filosofia da Comunicação é um espaço de produção de conhecimento crítico e filosófico de estudantes do Curso de Comunicação da Universidade Federal de Viçosa. As postagens - notícias, colunas, opiniões e resenhas - são produções inspiradas nas aulas de Filosofia da Comunicação (EDU 124. Os textos e imagens são de responsabilidade dos autores estudantes e não são compartilhadas pela universidade ou pelo corpo docente. Coordenador : Prof. Dr. Arthur Meucci (DPE/UFV)
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terça-feira, 17 de setembro de 2019
Nerve: uma tensão entre liberdade e autonomia
Dirigido por Henry Joost e Ariel Schulman e baseado no livro homônimo de Jeanne Ryan, o filme Nerve retrata a história de Vee (Emma Roberts) que pressionada pelos amigos, decide participar do jogo online Nerve, que faz desafios reais aos seus jogadores. No entanto, o jogo começa a tomar um rumo um tanto assustador e, ao chegar no estágio final, Vee precisa tomar decisões que irão determinar o seu futuro.
Ao olhar para as personagens vemos alguns nuances em seus comportamentos que nos faz lembrar muito do aspecto de liberdade e autonomia da filosofia. A princípio, antes de tudo, é importante salientar que há duas correntes importantes entre tais conceitos. A liberdade parte da corrente existencialista de Sartre que é puramente individualista e enquanto a autonomia, o qual deriva da corrente bourdieuniana que é determinista.
Para Sartre, o indivíduo tem total liberdade e só depende de si mesmo para realizar seus atos, ou seja, o homem é racional e controla seu próprio destino. Esse filósofo discorre também sobre o conceito de liberdade absoluta, diz que o homem está condenado a ser livre e que a existência precede a essência. Nossa personalidade, portanto, é a construção de nossas próprias escolhas.
Já para Bourdieu, segue o raciocínio de que o sujeito não vive sozinho e tudo o que faz vem do meio em que está inserido, isto é, a sociedade condiciona o indivíduo. O homem autônomo então luta para para conseguir mudar a realidade a qual foi condicionado e depende de suas oportunidades para sair dela.
Ao fazer uma análise do filme Nerve, é perceptível que Vee ao decidir participar do jogo, possui liberdade de escolha, entre aceitar ou não. Ela, dessa forma, é dona de seu destino e tem poder sobre seus atos. Todavia, a partir do momento que aceita participar do jogo, passa a ser condicionada por uma atmosfera autônoma, pois o seu destino agora está pré determinado por causa dos desafios impostos pelo jogo. Uma cena muito marcante é quando ela e Ian (Dave Franco) são desafiados a andar de moto pela Time Square movimentada, sendo que Ian, o piloto, deveria dirigir com os olhos vendados. Caso aceitassem, ganhariam uma quantia muito grande de dinheiro. E se recusassem o desafio, não receberiam tal dinheiro.
Um outro aspecto muito interessante que permite entender essa dinâmica liberdade x autonomia, é quando ocorre a descoberta de que há pessoas aparentemente “presas” nesse jogo. Isto é, pessoas que as quais não realizaram os desafios impostos por Nerve e por isso, ficam presas eternamente na lógica do jogo. Ian é um deles, e de certa forma é autônomo. Ele deve prestar contas de tudo o que faz e é condicionado pelo jogo de Nerve a todo momento a lutar para mudar sua realidade (sair do jogo).
Nome: Alice Ruschel Mochko
Matrícula:99178
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