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segunda-feira, 30 de setembro de 2019

A Espiral do Silencio em Mean Girls

A Espiral do Silencio em Mean Girls 

por Adrielle Mariana - 99210

Já pensou que meninas malvadas pode trazer muito mais que gírias, frases marcantes e sarcasmos, pois bem nele o conceito de Espiral do Silencio está mais presente que imaginamos 


Bom o filme conta a história de Cady Heron (Lindsay Lohan) uma jovem que se mudou da África para os EUA, a mesma por ter sido educada em casa e nunca ter passado por uma escola se depara um tanto intimidada com "as poderosas", um grupo de tres meninas populares na escola. Esse grupo de amigas é influente na escola, tudo que elas usam, pensam, apoia ou dizem é comprado pela maioria da escola, porque afinal quem não queria ser uma poderosa?
Cady com medo de negar sua realidade e de não ser aceita passa a agir como elas, desde o estilo das roupas até a maldade, pois segundo uma integrante do grupo era melhor ser uma poderosa do que ter uma vida amargurada. Logo seus gostos, costumes de maneira de agir foi silenciado por um grupo de meninas que possuem um grande poder de persoação e influencia na escola, desse modo cady passa de apagada e passa a ser uma referencia para todas as garota da escola que passa a querer ser como ela. Não demora para o comportamento de Cady mudar, influenciado de tal modo que nem seus pais a reconhece mais. 


A espiral do silencio de ser uma garota perfeita, ter as melhores roupas desencadeado pela beleza extrema, não afeta só Cady Heron mas também afeou as outras meninas do grupo como por exemplo, Gretchen que por muito tempo já agia daquela forma para agradar o grupo e permanecer nele, Karen que já tinha perdido sua essência e deixou de ser sua própria pessoa e também Regina George, a abelha rainha do grupo que é marcada por inseguranças com seu corpo a fim de seguir o padrão que considera ideal.




Honra na sociedade

Há na sociedade muitos indivíduos que de forma veemente lutam para manter a honra e a aparência de pessoas benfeitoras. Se temos controle sobre isso, temos o poder em mãos, ou seja, podemos fazer o que desejamos a partir desse controle. Isso pode trazer sérias consequências, pois em algumas culturas, pessoas que não possuem boa reputação, são violentamente julgadas, práticas antigas, mas que ainda perduram nos dias atuais. 
Além disso, esses julgamentos ocorrem também, na sociedade ocidental quando a opinião pública interfere em uma ação que seria de responsabilidade de um poder maior, como o Estado, fazendo assim, justiça com as próprias mãos, sem fundamento algum sobre o que é verídico ou não, através de linchamentos em praça pública.
Existem também, os códigos de condutas em diversas instituições, exemplo delas são as faculdades, os mesmos apontam ao indivíduo os zelos que ele deve ter com a sua honra, que se ferida, consequentemente, atingirá os pilares da instituição, ou seja, afetando todo um coletivo. Ou seja, a imagem que a sociedade terá dessa instituição refletirá a imagem de cada pessoa que a forma. Dessa forma, quanto melhor forem bem vistos os indivíduos ligados a ela, maior crédito e melhor reputação terá essa instituição perante a sociedade.

Muitas vezes, o cuidado com a honra parte somente do anseio do indivíduo em obter o respeito de todos. Com isso, as atitudes e comportamentos do indivíduo são falsas e apenas de fachada, ou seja, ele deixa transparecer a imagem que mais lhe parece própria para conseguir o que deseja, a apreciação e admiração das demais pessoas.



Talita Rocha 99201

Análise de verdade dividida

A verdade dividida

A porta da verdade estava aberta
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só conseguia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia os seus fogos.
Era dividida em duas metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era perfeitamente bela.
E era preciso optar. Cada um optou
conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
Carlos Drummond de Andrade

Ao ler o poema de Drummond sobre verdade é muito perceptível o grande dilema filosófico sobre a verdade. 
Isso porque o senso comum confunde constantemente entre verdade e realidade. A verdade seria uma construção de enunciados que possuem  significados e contextos, muito semelhante ao juízo que fazemos de algo. Pegue, por exemplo, um colar de pérolas se ele for de fato de pérolas e eu afirmar que ele é de pérolas, então é uma verdade e condiz com a realidade. Só que, e esse ele não for de pérolas e no entanto eu afirmar que ele é de pérolas, ele é uma verdade, pois eu o disse no contexto, contudo não condiz com a realidade de fato. 
No caso do poema "A verdade dividida", trás exatamente esses nuances. A metáfora utilizada de porta é justamente o contexto. Se ela estiver meia aberta, pouco compreendida ou explanada, o entendimento será também meio. Assim, meias verdades exploradas por meios perfis, não são capazes de atingir a verdade em sua totalidade, já que vai depender de cada contexto o qual está inserida.
Quando na estrofe que ali diz: 

"Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia os seus fogos.
Era dividida em duas metades
diferentes uma da outra."


Fica claro que a verdade dificilmente será aquilo que era suposto antes, as meias suposições e meias verdades, pois as metades, os escondidos são diferentes. 

Por fim em:

"Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era perfeitamente bela.
E era preciso optar. Cada um optou
conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia."

É notável a escolha, ou como o eu lírico coloca, de optar. Isso revela a nossa capacidade de dar relevância a dados aspectos e, portanto, moldar a verdade aos nossos benefícios e juízos de valores.  A miopia o qual o eu lírico destaca pode ser encarada como a habilidade em negar ou esquecer dos outros contextos e interpretações, acolhendo uma visão como verdade total para dado contexto.


Nome: Alice Ruschel Mochko
Matrícula: 99178

Maze Runner e o falseamento de Popper




Adaptação cinematográfica do primeiro livro da série escrita por James Dashner e dirigido por Wes Ball, a trama se passa e um futuro, meio apocalíptico, meio utópico, o jovem Thomas (Dylan O’Brien) é escolhido para enfrentar o sistema. Ao acordar dentro de um escuro elevador em movimento, ele não consegue se lembrar nem de seu nome. Na comunidade isolada em que foi abandonado, ele conhece outros garotos que passaram pelo mesmo. Para conseguir escapar, Thomas precisa descobrir os sombrios segredos guardados em sua mente e correr muito.
Sob a ótica dos estudos de Karl Popper, esse filme se assemelha muito ao conceito de falsificacionismo.
Antes de tudo, convém ressaltar que Popper propõe uma corrente lógico-filosófica, isto é, todo conhecimento científico é refutável e corrigível, tornando a ciência um conhecimento que se deve lapidar até chegar a perfeição da verdade.
Esse filósofo debruçou-se sobre o racionalismo científico, formulando o método hipotético, o qual antes da observação para a formulação de ideias, as ideias sejam pensadas. Somente depois devem ser verificadas para confirmar se fazem ou não sentido. O que quer dizer que uma hipótese científica tem de surgir primeiro para somente depois ser submetida a testes.
Popper estabeleceu três importantes momentos no processo de pesquisa:
Problema: pensar em um conflito que precisa ser resolvido.
Conjecturas: comprovar experimentalmente.
Falseamento: provar que a teoria é científica pelo fato de ela poder ser falsa.
A falseabilidade é um dos conceitos mais importantes de Popper. Ela testa o grau de confiança das teorias existentes, na medida recolhe elementos capazes de falsificar uma teoria. Esse foi o que aconteceu, por exemplo, com Einstein quando provou os erros da teoria de Newton.
No caso de Maze Runner (Correr ou Morrer), Thomas realizar a todo momento um falseamento, a partir do momento que cria hipóteses sobre o funcionamento do labirinto e depois são verificadas quando eles e seus amigos saem para testá-las.
Em uma das cenas do filme, Thomas e seus colegas exploram o labirinto pela noite para tentar mapear a mudança de posição do labirinto e comprovar se uma das hipóteses de um dos garotos da clareira está correta. No mais, ela estava correta, quando de fato as posições mudam.
É perceptível então que Thomas e os outros garotos sempre estão fazendo deduções lógicas partindo de proposições de observações singulares (movimento do labirinto) para chegar refutar alguma suposição universal do labirinto (será que ele tem saída¿, como ele funciona¿). É feita uma observação que irão fornecer dados para a conclusões universais (raciocínio indutivo de Popper). Eis aqui uma diferença então: no raciocínio indutivo “Se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão é provavelmente verdadeira, mas não necessariamente verdadeira. A conclusão encerra a informação que não estava, nem implicitamente, nas premissas.”,  enquanto que o raciocínio dedutivo é maleável e passível de erro, já que “Se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão deve ser verdadeira. Toda a informação ou conteúdo factual da conclusão já estava, pelo menos implicitamente, nas premissas.” A indução abre portas para o falsear e refutar, já a dedução não.

Nome: Alice Ruschel Mochko
Matrícula: 99178

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

O movimento punk, Bourdieu e você não sabe ser rebelde


O movimento punk surgiu como uma rebeldia. Bandas que não sabem nada de teoria musical,
vocalistas que não cantam bem e zero presença de palco. Sex Pistols lança em 1970 um Cd que satiriza a Rainha e junto, um lema do tipo “qualquer um pode montar uma banda”. O interessante é pensar que o movimento punk surge como uma descontruçao da padronização cultural da época, mas ela possui sua própria padronização. Como isso se relaciona com Bourdieu? Bem, o social precede você. Existem hábitos que indicam inclusive como você pode se expressar contra a própria sociedade. Uma sociedade bem desenvolvida é a que permite que você a critique, sem entretanto, sair do jogo.  
É esse controle que permite que a sociedade se transforme e cresça. Hábitos merecem serem quebrados também. A nossa sociedade pós moderna é o movimento mais radical nesse sentido: ela se reconstrói o tempo todo, de modo até cansativo. Entretanto, ela não sabe muito bem o que criticar e nem consegue ver facilmente suas bases. Não sabemos mais de onde vieram nossos hábitos e identifica-los se tornou um processo mais complicado do que pensaríamos. Uma sociedade sem bases aponta para sua destruição, por que não sabe o que reconstruir. E talvez não se importe em construir.
Talvez isso nos ajude a perceber a morte de movimentos realmente revolucionários. Todo e qualquer um é um revolucionário, a sua maneira. Não sabemos identificar possíveis liberdades.  
Agostinho concorda conosco (estranhamente). Anos depois de seu famoso livro “Livre Arbítrio”, como fruto de sua discussão com Pelágio, ele lança outro agora intitulado “Graça e livre arbítrio”, onde revê seus ideais. Agostinho percebe que não é possível sermos totalmente livres e elabora o conceito de “pecado original” pra explicar a extinção do livre arbítrio. O pecado é o que primeiro nos escraviza. O que chamamos de nosso e consideramos genuíno de nós, é mais fruto de uma vontade escrava e meios sociais.
Cinema? Vemos. No episodio Bandersnatch da série Black Mirror, vemos o quanto a liberdade é limitada a possibilidades sociais. Você pode escolher, mas entre essas opções limitadas.
Autonomia me parece a opção mais provável. A gente não sabe ser rebelde.


Kedma Julia 99174 

Posso descançar um pouco?


Vivemos em uma sociedade que pode ser considerada sem dúvida alguma a sociedade do cansaço. Estamos todos cansados! Mas exatamente de quê? Da vida? De nós mesmos? De fingir ser o que não somos? Não sei responder! Há enorme cobrança sobre o desempenho de cada indivíduo, para se “dar bem na vida”, ser uma pessoa de sucesso, é preciso ter um desempenho invejável. Ser o melhor de todos. Há um excesso de positividade nessa questão, uma positividade que busca ignorar toda e qualquer fraqueza, não é permitido ser fraco nessa sociedade, não é permitido errar. Ao que parece não é permitido ser real, pois todo indivíduo tem as sua limitações, logo, ele é convencido a eliminar toda e qualquer característica que o atrapalhe na busca pelo desempenho. O trabalho, por exemplo, como forma de dignificar o homem, tem se tornado a meta de vida, principalmente do proletariado. Cria-se a ilusão de que com o sucesso profissional garante-se todo o resto, como família perfeita, boa saúde, porque o dinheiro e o status comprará tudo isso, ou como diz parte do ditado, “do resto eu corro atrás”. Além disso, as famosas frases motivacionais do tipo “ Treine enquanto eles dormem, estude enquanto eles se divertem…” caracteriza uma sociedade que ignora completamente a valiosidade do ócio, a contemplação, a busca da criatividade natural, tornando-se uma máquina, permanecendo na zona de conforto. Nietzsche em seu livro “Humano, demasiado humano”, de 1878, diz que a vida humana tem seu fim quando são eliminadas todas as formas e meios de contemplação. Dessa forma, será que grande parte da sociedade está morta?  
É quase impossível fugir desse círculo vicioso do cansaço, quem não se arrisca para atender as exigências da sociedade pós-moderna, acaba sendo excluído e substituído, por alguém, que aparentemente está apto a sobreviver e suportar toda essa perversidade. Daí surgem diversas complicações na saúde física, e mental como transtorno de ansiedade, depressão e em casos mais graves, o suicídio.



Talita Rocha  99201

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Se você acredita, então é verdade.

O que é a verdade?
"No senso comum verdade é dizer o que se acredita de verdade, porque se ver com os próprios olhos ou se concluiu após sério esforço para conhecer as coisas tais como elas são."

"Na obra Alice no País das Maravilhas, retrata a história de Alice, uma menina curiosa que segue um Coelho Branco de colete e relógio, mergulhando sem pensar na sua toca. A protagonista é projetada para um novo mundo, repleto de animais e objetos antropomórficos, que falam e se comportam como seres humanos. No País das Maravilhas, Alice se transforma, vive aventuras e é confrontada com o absurdo, o impossível, questionando tudo o que aprendeu até ali. A menina acaba fazendo parte de um julgamento sem sentido e sendo condenada à morte pela Rainha de Copas, tirana que mandava cortar a cabeça de todos que a incomodavam. Quando é atacada pelos soldados da Rainha, Alice acorda, descobrindo que toda a viagem se tratou de um sonho."


Alice acredita que o que viveu durante o sonho foi verdadeiro, já as pessoas da sua "vida real" jamais iriam acreditar em tamanha fantasia. O que é verdade para um pode não ser para outros.

Você tem como verdade aquilo que ver, crer e até que imagina. "O mundo que existe para nós só existe na nossa cabeça."

Então, chega-se à conclusão de que não existe apenas uma verdade, a verdade é relativa.

Por: Beatriz Fonseca
Matrícula: 99207

Deus é honrado ou sincero?


Honra:
1-princípio que leva alguém a ter uma conduta proba, virtuosa, corajosa, e que lhe permite gozar de bom conceito junto à sociedade.
---consideração devida a uma pessoa que se distingue por seus dotes intelectuais, artísticos, morais; privilégio.

Diga quem você é, me diga
Me fale sobre a sua estrada
Me conte sobre a sua vida
Tira a máscara que cobre o seu rosto
Se mostre e eu descubro se eu gosto
Do seu verdadeiro jeito de ser
Ninguém merece ser só mais um bonitinho
Nem transparecer consciente inconsequente
Sem se preocupar em ser adulto ou criança
O importante é ser você
Mesmo que seja estranho, seja você
Mesmo que seja bizarro, bizarro, bizarro
(Máscaras- Pitty)/ “Sinceridade”

O que é melhor ser? Honrado ou sincero?

Por um lado temos a necessidade de um agir com justiça que é externo a nós. A palavra hebraica que mais se aproxima de “honra” é  ka·vóhdh, que significa literalmente “peso”.  Ser honrado é ter valor. Ter grande estima, ser caro.  Deus é honrado, Ele é a criatura mais “pesada” do universo.

Sinceridade tem a ver com “não ter cera”, ou seja, não ter melhoramentos em sua aparência, nem que isso seja mais agradável visualmente e mais interessante socialmente.
Deus pode ser os dois pois Deus é perfeito em Sua imagem e perfeito em Seus atributos. Ele é genuinamente completo, justo, honrado. Ele mantém a própria dignidade sendo quem Ele é pois não pode negar a si.

E quanto a nós, meros mortais? Cabe a nós decidir o que é agir com mais bondade e lembrar que de um coração puro vem uma dignidade genuína. Deus oferece honra sincera, por mais contraditório que isso soe. É honra por que ela manifesta Seus atributos, e sincera, por que vem Dele mesmo.
Doidera, né?


Kedma Julia 99174

No fim, temos mesmo a liberdade de escolha?

Liberdade 
Li-ber-da-de
S.f. 2. Estado ou particularidade de quem é livre; característica da pessoa que não se submete.
5. Falta de dependência; independência.

Esses são alguns dos significados que aparecem quando se procura sobre o que é a liberdade. Entende-se por liberdade o indivíduo que possui livre-arbítrio, o indivíduo que pode tomar as decisões que ele desejar.

No filme Nerve: Um jogo sem regras, há um jogo online onde os participantes realizam desafios reais com a intenção de ganhar o jogo e receber o prêmio - para cada desafio concluído, cai na conta bancária do jogador a quantia proposta para aquele desafio. Para participar do jogo você tem a autonomia de escolher duas opções: observador ou jogador.

A protagonista do filme, Vee, optava por não participar do jogo, até que, por alguns motivos e pressão por parte dos amigos, ela decide entrar no jogo como jogadora, e não observadora.

Ao final do filme, percebe-se que o jogo lhe propuseram uma falsa liberdade, pois, a partir do momento que você joga, você está "presa" nele.

Tendo esse exemplo do filme, percebemos que, também na vida real, nem sempre o que achamos estar escolhendo, não estamos realmente.
A grande pergunta que nós fazemos é: No fim, temos mesmo a liberdade de escolha?

Por: Beatriz Fonseca 
Matrícula: 99207

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Silêncio

Grande parte da injustiça que reina no mundo é fruto do medo e receio que as pessoas sentem de ser repreendidas e consequentemente do isolamento, elas não opinam sobre nada ou não sustentam suas ideias e argumentos porque são coagidos a silenciar. Daí surge o Espiral do Silêncio, teoria proposta pela alemã Elisabeth Noelle-Neuman, a qual diz que a opinião da maioria vence a minoria, pois o indivíduo acredita que o que ele tem em mente, ou seja, a sua opinião individual,  não tem o poder mudar o que a maioria pensa, ou que sua opinião é conflitante demais com o que a maioria pensa (o poder da maioria o faz acreditar nisso). Além disso, a dinâmica do sistema é: "adapte-se ou será excluído", isso ocorre em todo ambiente, seja em empresas ou até mesmo no mundo do crime, se o indivíduo entra voluntariamente ou involuntariamente nesse sistema, precisa se abdicar de suas crenças, ou a menos teatralizar um comportamento, para se adequar a esse novo modelo.
Dessa forma, um dos maiores detentores da opinião dominante é a grande mídia. Muitas pessoas acreditam que as opiniões expostas pela grande mídia são incontestáveis, por isso acabam se conformando e aos poucos tornando-se alienados. Outro exemplo da dominação da mídia, são os casos que repercutem na sociedade, como casos de violência e escândalos, os quais são silenciados, mesmo com protestos e constantes reivindicações da população. Todos sabem que nem todas elas tem compromisso com a população, querem mostrar apenas o lado menos monstruoso da sociedade e principalmente acumular capitais.



Talita Rocha 99201

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Controlados

Você é livre? Até onde vai a sua liberdade?

Nós nascemos em uma família na qual não escolhemos, recebemos um nome sem sermos consultados e passamos a infância sendo mandados, mas esse é só o começo!

Então crescemos, atingimos a maioridade, e finalmente, achamos que seremos totalmente livres e autônomos. Só que não é bem assim...

Todos os cidadãos do território brasileiro possuem uma série de obrigações ao entrar na vida adulta: votar, se alistar no exército (se você for do sexo masculino) e pagar impostos são exemplos dessas imposições.  Além disso, se por acaso a camisinha furar, ou a pílula falhar, o Estado te proibirá de abortar!

Mas essa falta de liberdade não é só institucional. Dificilmente você poderá fazer o que bem entender dá sua vida. Seu pai vai exigir que você faça faculdade e arrume um emprego, ou sua mãe terá o sonho de que você se case e tenha filhos. A música 7 YEARS, de Lukas Graham, narra as imposições de seus pais sobre a vida. Abaixo há alguns trechos traduzidos da canção. 

"Uma vez, quando eu tinha 7 anos minha mãe me disse: Vá, faça alguns amigos senão você será solitário"

"Uma vez quando eu tinha 11 anos. Meu pai me disse: Vá, arranje uma esposa ou você será solitário"

Eu possuo autonomia de decidir qual roupa usarei hoje, ou se vou tomar o sorvete de morango ou o de chocolate. Mas são apenas escolhas irrisórias, pequenas liberdades do cotidiano. E assim, mesmo que sem tomar consciência, vamos levando uma vida controlada pelos outros, até que se perceba que a nossa liberdade é ilusória.


Maria Eduarda - 99199

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

A honra de Mulan


Mulan foi um filme lançado em 1998 e até hoje conquista o coração de diversas crianças e adultos apaixonados pela cultura oriental e quebra de padrão. No filme, a protagonista deveria ser bem calma, obediente, ter vigor, bons modos e muito ardor para trazer honra à família através de um casamento onde a mesma iria como competidora para ser (ou não) escolhida pelo noivo.
O conceito de honra é subjetivo, o que pode ser algo digno de honra para uns, é abominável para outros. Nesse aspecto e na cultura onde se passa o filme, o dever da mulher é ser boa o suficiente para ser escolhida por um bom marido e isso trás honra, mas, Mulan tem um espírito livre e não se comporta como deve para ser uma "boa esposa", ela é inteligente, desastrada, impactante, muito boa em damas e determinada. No decorrer do filme, Mulan se vê na obrigação de defender seu país no lugar de seu pai que está com a perna ferida, logo, se veste de homem e vai para a guerra. Ela desenvolveu habilidades de luta, melhorou sua agilidade e finalmente conseguiu libertar o país da ameaça dos Hunos, trazendo honra para a família do jeito dela.
O filme aborda assuntos incríveis como honra, homosexualidade, papel da mulher, coisas que para a época (e até hoje em países conservadores) são banalizadas.

https://www.youtube.com/watch?v=FzeWTz4XfxE - Você vai nos honrar (música do filme)

Ana Luisa Horstt - 99196

Black Mirror e a sociedade da transparência




          A sociedade da transparência que emerge com o surgimento das tecnologias, de acordo com Byung-chul Han, é privada de negatividade e marcada pela busca de atenção entre outras características. Dessa forma, as pessoas dessa sociedade se expõem a todo momento, principalmente no meio virtual, buscando passar a ideia de uma vida perfeita, cheia de positividade. Porém, no meio de tanta informação, tanta “pornografia” no sentido de tudo estar tão exposto as pessoas acabam ficando perdidas, vazias e facilmente controláveis.
          Ao pensar em sociedade da transparência, é impossível não lembrar da série Black Mirror, principalmente do episódio “Queda livre” que nos apresenta um mundo “perfeito”, em que as pessoas são julgadas de acordo com sua popularidade em um aplicativo muito semelhante ao Instagram. Por causa disso, os habitantes deste mundo devem se comportar de acordo com as regras, ser gentis e fingir ser “perfeitos” para ter uma imagem boa. Da mesma forma, na nossa realidade muitas pessoas usam e abusam dos filtros nas redes sociais para expor a melhor imagem de si, compartilhando somente momentos felizes. Porém, no mundo virtual é consideravelmente fácil manter sua imagem, mas ter que se comportar assim na vida real como acontece no episódio, é impossível!
          Queda livre, assim como a sociedade da transparência, nos colocam em um teatro, onde tudo é aparentemente perfeito, mas ninguém é feliz na realidade, até porque é impossível ser feliz o tempo todo e adorar a todos.


Autora: Laura Fernandes de Souza.
Matrícula: 99190

"Vox populi, voz Dei"



Vox populi, voz Dei” expressão oriunda do latim que em português significa “Voz do povo, voz de Deus” caracteriza em parte a essência da opinião pública que desde a Grécia Antiga já se faz presente através dos debates e discussões de temas relevantes por parte dos cidadãos. Entretanto, se a voz do povo é realmente a voz de Deus, me pergunto onde estava a coerência do povo na escolha de salvar Barrabás ao invés de Cristo como assim retrata nas escrituras sagrada?

Apesar de ser excepcional para permitir a participação ativa dos cidadãos em uma democracia, a opinião pública é uma esfera facilmente manipulável e que nem sempre age corretamente em seus julgamentos. Um exemplo atual dessa disfunção foi a morte de Fabiane Maria De Jesus, mãe de dois filhos, acusada injustamente após uma foto ter sido divulgada nas redes sociais junto a um boato de que uma mulher parecida com Fabiane sequestrava crianças e as utilizava em rituais de magia negra. Fabiane foi espancada e morta dois dias depois por pessoas que juraram estar praticando a “justiça”.

Sendo assim, jamais devemos subestimar a influência que a opinião pública tem sobre nossas vidas, em uma era cem por cento digital onde a todo momento são propagadas milhões de fake news estamos, portanto, diariamente a mercê dos erros, boatos e condenações falsas que muita das vezes podem custar uma vida. No entanto, busquem sempre se manterem informado e jamais tomem uma causa para si baseado em meia dúzia de vídeos na internet, e para aqueles que insistem em dizer que a voz do povo é a voz de Deus, ouso a dizer que diante das circunstâncias acima, talvez seu Deus seja um homem mau.

Ned Stark e a honra que o fez perder a cabeça


Nem todos assistem Game of Thrones, mas grande maioria já ouviu falar do fenômeno mundial que é essa série. Game of Thrones é uma série estadunidense baseada na saga de livros As Crônicas de Gelo e Fogo de George R. R. Martin. Situada nos continentes fictícios de Westeros e Essos, a série centra-se no Trono de Ferro dos Sete Reinos e segue um enredo de alianças e conflitos entre as famílias nobres dinásticas, seja competindo para reivindicar o trono ou lutando por sua independência. É ambientada numa era de reis e rainhas. É daí que nossa discussão se inicia, o show se passa em uma época onde as definições de honra eram muito cobradas e necessárias. Apesar de que, os personagens de Game of Thrones não são as melhores definições de honra. Porém, temos alguns que salvam, pelo menos, na série! Ned Stark, o patriarca da família Stark, homem honrado, mão "direita" do rei e pai de cinco filhos legítimos e um de criação. Ned era o exemplo de pessoa que sempre seguia seus instintos e princípios e ensinou o mesmo para seus filhos

Porém, num mar de intrigas e escândalos como Westeros, o que acontece quando o mais honrado deles descobre um segredo? Isso mesmo, ele resolve jogar na cara dessa pessoa que descobriu o segredo dela. Brincadeiras à parte, os personagens de Westeros são extremamente complexos com muitas influências do que seria a honra. A maioria realmente não se importa, mas uma pequena parcela age de acordo. O patriarca Stark foi acusado de "manchar" a sua honra quando trouxe um filho ilegítimo para casa depois da guerra, porém era mais uma das promessas que a sua honra o obrigou a cumprir. 

Seu filho Robb Stark, o primogênito, também compartilhava da mesma honra que o pai. No caso de Robb, ele se casou com uma moça após tirar a virgindade dela e engravidá-la. Porém, ele já tinha um casamento arranjado com uma moça da família que o ajudaria na guerra. Honrado? Não tenho essa resposta! Mas foram esses fatos que levaram ele a perder a cabeça (literalmente) e a do seu lobo ter sido costurada no seu corpo. Infelizmente, ele perde a guerra, a mãe, a mulher, o filho e boa parte dos exércitos.  
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Robb Stark
Ned Stark ao descobrir o segredo de Cersei, (rainha de Westeros, naquele momento) tenta agir com base na sua honra para resolver a situação, porém também perde a cabeça (literalmente), pois de acordo com ela: "Quando você joga o Jogo dos Tronos, você ganha ou você morre." E ela não estava errada!


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Ned Stark momentos antes de sua execução decretada pelo rei Joffrey, filho de Cersei. 
Jon Snow após esfaquear a legítima rainha do Trono de Ferro, Daenerys Targaryen
Por fim, temos Jon Snow, o bastardo. Bastardo nada, na verdade, ele era o herdeiro do Trono  de Ferro. Porém, ainda assim, foi criado por Ned Stark, o que o fez matar o amor da vida dele e rainha que ele escolheu pela honra, ou será que foi mesmo? Ele matou Daenerys Targaryen após ela queimar Porto Real tentando conquistar o reino que era por direito deles dois. Ele simplesmente a matou por influências de outros, obviamente, a sua parcela de culpa ainda é maior e sua honra (se é que ele tem) duvidosa.

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Jon Snow ou Aegon Targaryen (infelizmente)

O ponto principal dessa discussão é a subjetividade da honra, o que pode ser honrado de se fazer para uns pode não ser para outros. A honra e/ou a crença de que se está fazendo algo por ela é perigosa.

Daí se faz a pergunta: é viável ou até mesmo possível ser uma pessoa honrada no meio de tantos desonrados?

Robert Rodrigues
99206

Somos realmente livres para controlar nosso destino?

Por: Guilherme de Carvalho Alves
99182

Os ideais defendidos pelos conceitos de Liberdade e Autonomia nos possibilita afirmar que, se somos livres, não temos autonomia, como muitos imaginam. A Liberdade, defende uma ideia de que todos nós temos livre arbítrio, ou seja, a capacidade de determinarmos nossas ações, podendo ser ou não julgados por isso e, consequentemente, moldarmos nosso destino. Por outro lado, a autonomia prega que vivemos num mundo já pré-determinado, em que nossas ações já estão moldadas e não podemos mudá-las, e que, acima de nós, existe um Deus onisciente que já sabe de tudo acerca de nossas vidas.

Diante desses argumentos, é possível perceber que a atual sociedade cristã em que vivemos prega uma junção entre os dois conceitos, afirmando que temos livre arbítrio para decidir nossas ações, e que elas determinarão se seremos salvos ou não, mas que também existe um Deus onisciente que já sabe de todo nosso futuro.

Com isso, o questionamento imediato a se fazer é: Se existe um Deus onisciente que já sabe do nosso futuro e das nossas ações, como podemos ter tal livre arbítrio?

Esse é apenas um dos dilemas vivido por nossa sociedade atual, majoritariamente cristã, que provavelmente nunca será respondido, já que, a maioria de nós, opta por se apegar a sua fé na medida que não questiona a veracidade do que há em seu redor, e a usa para explicar fatos que, teoricamente, não podem ser explicadas por ações humanas.

A honra e seu fardo de pensamentos retrógrados

Por: Guilherme de Carvalho Alves
99182

Quando falamos em honra no mundo masculino, a primeira coisa que vem à cabeça da maioria das pessoas do sexo masculino é de ter um pai ou avô defendendo seu direito à honra quando mais novo. No entanto, na grande maioria das vezes esse discurso pregado há alguns anos por pais e avós ainda carrega traços arcaicos de uma sociedade machista, onde um homem se honra (ou o que eles pensam ser honra) é um falso homem.

Ainda nesta nossa geração, é comum acharmos jovens que contam histórias como "Meu pai mandava eu bater no menino para que ele parasse de brincar comigo" ou "Na minha época se eu apanhasse na escola, eu apanhava em casa ainda." o que demonstra o quão obsoleto ainda é o pensamento de algumas pessoas.

Hoje em dia, é preciso trabalhar para que estes tipos de ideias não continue vigorando na sociedade, à fim de que as pessoas entendam de fato, o que é o significa de honra, e não a apontarem como um sinônimo retrógrado de "quem é mais homem tem mais honra".

Para tais pessoas, honra está ligada ao quão respeitado você é. De fato, ser respeitado é um tipo de honra que todos gostamos de ter, entretanto, o respeito que muitos pregam é o respeito à partir do medo, da subordinação e da violência, o que distorce totalmente o conceito ideal de que honra é a dignidade de reconhecer e ser reconhecido, a coragem de admitir os erros e comemorar os acertos, e a simplicidade e humildade de admitir suas falhas perante à determinado grupo.

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

A busca pelo sucesso é o caminho para o cansaço iminente

Imagem: Shutterstock
Por: Guilherme de Carvalho Alves
99182

Como bem abordou  Byung-chul Han, nos dias atuais as pessoas na sociedade têm se tornado cada vez mais exaustas, muitas das vezes em razão da busca incessante por alcançar seus objetivos e metas, que quase nunca são alcançadas, tornando as pessoas mais sádicas, cansadas pelo esforço realizado, tristes, desapontadas e propícias a ações extremas, como o suicídio. 

De fato, nos dias de hoje tem se tornado comum o estabelecimento de metas de vida e a batalha diária té se cumprir tal. Consequentemente, essas buscas incessantes pelo sucesso tem se tornado uma cultura enraizada pelos brasileiros, que ensinam aos seus filhos, desde novos, a lutar até a última gota de suor pelos seus objetivos. 

No entanto, quando tal objetivo é alcançado, a felicidade é realmente verdadeira e eterna ou o esforço feito pela pessoa a desgastou demais para que ela aproveitasse de tal momento de suposta felicidade ? 

Muitas das vezes, a resposta está embutida no intelecto de cada um de nós, que mesmo já tendo passado por tais situações, sempre deixam o desejo de alcançar determinado objetivo ser mais alto que o desejo de ter uma saúde mental em dia. Hoje, é normal que alguém trabalhe 12 horas por dia para comprar a casa dos sonhos, ou estudar 15 horas por dia para passar em determinado concurso/vestibular, o que gera um desgaste incontável. 

Portanto, as consequências desta sociedade moderna, explicitadas por Byung-chul Han, são de vivermos numa sociedade cada vez mais angustiada, triste e cansada por sempre batalhar por suas metas, mas nunca encontrar a felicidade desejada nelas. A maior prova disso, são os números exacerbantes de suicídios anuais que ocorrem no mundo inteiro. Fato que não era tão comum há algumas décadas. 

Like the devil?

Cena do episódio 01, da primeira temporada, quando Lucifer conhece Trixie, filha
da detetive Decker.

“Lucifer (Tom Ellis), também conhecido como o Senhor do Inferno, se cansa da vida demoníaca que leva no subterrâneo e decide se mudar para Los Angeles. Lá, ele passa a ajudar a polícia local a cercar e punir malfeitores”. Essa é a sinopse da série Lucifer, de acordo com o site AdoroCinema.

Assim como já dito, Lucifer se farta da chata rotina de governar o inferno e vai tirar férias na Cidade dos Anjos, lá ele conhece e convive com os mais diversos tipos de pessoas, sem ter, em momento algum, vergonha ou medo de dizer a elas quem ele realmente é: o diabo.

Entretanto, apesar da clareza nas palavras de Lucifer, os seres humanos sempre parecem não acreditar no que sai de sua boca. Ao menos é isso que vemos acontecer diversas vezes com a detetive Decker e com Linda, amiga e, posteriormente, terapeuta do protagonista. Enquanto para Decker, ele não passa de um “cara egocêntrico e pirado”, para Linda, ele é alguém que tem problemas no passado e por isso vive em uma metáfora, criando para si o personagem Lucifer Morningstar. Quando o Senhor do Inferno decide mostrar sua verdadeira face à elas, apesar de isso acontecer em episódios diferentes, ambas tem a mesma reação: ficam paralisadas. Mesmo com toda sua inteligência e perspicácia, elas simplesmente não conseguem processar aquela informação e se negam a crer no que seus olhos veem. Como diz o próprio Lucifer, elas “quebram”.

A reação das personagens, no entanto, pode ser debatida filosoficamente no conceito de verdade. Esse conceito diz que o mundo só existe dentro de nossas mentes, ou seja, ele é o que cada um de nós acreditamos que seja e fora de nossa cabeça, a realidade não passa de algo ininteligível. Daí vem a nossa eterna necessidade de conhecimento, o ser humano vive para aprender, para buscar respostas, porque tem medo de aceitar que o mundo é sem sentido, que o mundo é o caos.

Acostumados com um mundo que nós mesmos criamos, quando nos deparamos com algo que é extremamente diferente daquilo que estamos habituados, nosso cérebro se torna incapaz de atribuir sentido àquilo, isto é, não o vemos.

Nasce, então o conceito de verdade, que erroneamente acreditamos tratar-se da realidade. A verdade não pode ser a realidade pois, como já vimos, esta não existe (e se existe não é capaz de ser compreendida). Dessa forma, verdade nada mais é do construir diálogos que podem ser verificáveis e essas verificações podem variar de acordo com as pessoas e grupos, por isso, a verdade é extremamente multável.

Voltemos a Lucifer. Para a detetive e para a terapeuta a única verdade aceitável era que Lucifer fosse um personagem construído por alguém cercado por traumas. Levar em consideração que ele realmente fosse o Senhor do Inferno estava fora de cogitação, porque estava também fora da realidade delas e daquilo que elas achavam conhecer. Mas quando vai a um culto “satanista”, por exemplo, Lucifer não é questionado em momento algum e os “fiéis” acreditam cegamente que ele seja de fato o diabo. A partir do momento em que Lucifer Morningstar se revela à Decker e Linda, porém, as duas “quebram” pois seus cérebros não são capazes de compreender aquilo que seus olhos veem. Toda sua realidade é quebrada. O mundo em que elas acreditavam até então, simplesmente não existe. 


Texto por: Maianna Medeiros
Matrícula: 99188

É verdade?


A verdade, expressão corriqueira do dia a dia e ideal muito comum para que a sociedade viva em harmonia, é um conceito que apresenta uma série de definições, o que é verdadeiro para mim pode não ser para o outro. 

De acordo com o dicionário Michelis, eis o conceito de verdade: 
ver.da.de/sf
 O que está de acordo com os fatos ou a realidade; conformidade com o real; autenticidade, exatidão, veracidade
Já para o filósofo francês Sartre, no contexto do final da segunda Guerra Mundial, a verdade está na essência do indivíduo, ela é resultado dos valores de uma sociedade.

Embora não haja uma definição específica sobre o termo, existem verdades que são praticamente incontestáveis, seja por valores sociais ou por estudos científicos. Afirmar que a água é transparente ou que todos os seres vivos do Planeta Terra estão fadados a morte são afirmações que dificilmente serão contestadas, pois são visíveis aos homens. 

Há diversas maneiras de se contar uma verdade. O vídeo abaixo, produzido pelo jornal Folha de São Paulo, vencedor de diversos prêmios de publicidade mundiais, traz uma interessantíssima reflexão sobre o assunto, confira:

Embora a narração inicial conte apenas fatos verídicos sobre a vida de Adolf  Hitler, a maneira como foi abordado e passado ao público gera uma interpretação errônea sobre o real, o verdadeiro. Fazendo com que haja uma reflexão sobre o quão incontestável é uma verdade.

Maria Eduarda - 99199

"Pois estamos todos acorrentados ao ritmo"

Clipe legendado da música Chained To The Rhythm da Katy Perry. Às imagens do clipe estão cortadas, 
acredito que para evitar direitos autorais.


"Chained to the Rhythm" (“Acorrentados ao ritmo” em tradução livre) é uma música da cantora estadunidense Katy Perry, contida em seu álbum Witness (2017) e que conta com a participação do cantor jamaicano Skip Marley.

Por trás de sua batida contagiante e de seu clipe colorido, a canção traz em sua letra uma imensa reflexão sobre o nosso livre-arbítrio. Katy explicita que temos vivido em uma bolha, sem realmente enxergar o mundo à nossa volta, mas apenas seguindo todos o mesmo ritmo, rumo a um mesmo destino. Ela ainda questiona se estamos ficando loucos ao ponto de nos iludirmos realmente pensando que somos livres.

Ao contrário do que é difundido, liberdade e autonomia, não são sinônimos, mas sim, coisas completamente opostas. Enquanto a teoria da liberdade prega que somos donos do nosso livre-arbítrio, capazes de transformar nosso destino, a teoria da autonomia vai de encontro à música de Katy, dizendo que somos sujeitos histórico-culturais, interdependentes e irracionais, incapazes de mudar o futuro, pois tudo que acontece está predestinado.

Apesar de parecer seguir, em sua maioria, pelas ideias da autonomia, em certos versos “Chained to the Rhythm” dá a entender que, apesar de estarmos acorrentados, podemos tomar consciência do mundo à nossa volta e assim, enfim, sermos livres. Ou seja, ela se afasta da teoria da autonomia e migra para o campo da liberdade de Sartre, que afirma que quando o homem exercita a consciência, ele age, e ao agir, consequentemente, desperta em si o sentimento de existência, criando sua essência 
e se tornando livre do social.

Apesar de migrar entre duas ideias opostas, a canção de Katy Perry é muito bem pensada e foi criada não apenas como uma crítica ao sistema em que vivemos, mas principalmente como uma crítica ao atual governo dos EUA e às decisões do presidente Donald Trump.


Texto por: Maianna Medeiros
Matrícula: 99188

Honra que se lava com sangue


140 crianças foram mortas em um único ritual. Cientistas acreditam que sacrifícios
foram realizados para conter as chuvas torrenciais provocadas pelo fenômeno El Niño.

Apesar de hoje despertarem o repúdio da maioria das pessoas, os sacrifícios humanos faziam parte da vida das mais diversas sociedades e eram realizados para alcançar os mais diferentes fins.

Viver para agradar uma divindade não é algo fácil e, por isso, vez ou outra populações inteiras acreditavam estar sendo castigadas pelo que fizeram (ou até mesmo pelo que não fizeram). Diante do extremo poder de um deus, só uma coisa era capaz de trazer de volta a honra de um povo e fazê-lo puro, novamente, aos olhos de sua deidade: o sacrifício.

Na maioria dos casos, esses sacrifícios eram feitos com animais e colheitas. Entretanto, mas em algumas ocasiões, apenas o sangue de um ou vários indivíduos do grupo era capaz de lavar a vergonha de um povo.

Ao contrário do que pensa o popular, honestidade não vem de ser verdadeiro, e sim de preservar sua reputação à fim de manter também intacta a reputação do grupo ao que você faz parte. Ou seja, quando quebrada a honestidade de algum indivíduo (o que podia ser facilmente identificado como “pecado” nas sociedades antigas) todo o grupo ao qual ele pertence tem sua honra afetada. O errante é uma mancha na história do todo. Assim sendo, apenas a morte desse transgressor (ou quando não se sabe a quem culpar, a morte de vários inocentes) é capaz de apagar essa mancha.

Logo, oferecer sua própria vida inocente (ou a de um familiar) para limpar a imagem do grupo ao qual você se identifica, apesar de assustador, era um ato de coragem e grandeza. Simplesmente o seu sangue, pelo sangue de todos.


Texto por: Maianna Medeiros
Matrícula: 99188

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Nerve: uma tensão entre liberdade e autonomia




Dirigido por Henry Joost e Ariel Schulman e baseado no livro homônimo de Jeanne Ryan, o filme Nerve retrata a história de Vee (Emma Roberts) que pressionada pelos amigos, decide participar do jogo online Nerve, que faz desafios reais aos seus jogadores. No entanto, o jogo começa a tomar um rumo um tanto assustador  e, ao chegar no estágio final, Vee precisa tomar decisões que irão determinar o seu futuro.

Ao olhar para as personagens vemos alguns nuances em seus comportamentos que nos faz lembrar muito do aspecto de liberdade e autonomia da filosofia. A princípio, antes de tudo, é importante salientar que há duas correntes importantes entre tais conceitos. A liberdade parte da corrente existencialista de Sartre que é puramente individualista e enquanto a autonomia, o qual deriva da corrente bourdieuniana que é determinista.

Para Sartre, o indivíduo tem total liberdade e só depende de si mesmo para realizar seus atos, ou seja, o homem é racional e controla seu próprio destino. Esse filósofo discorre também sobre o conceito de liberdade absoluta, diz que o homem está condenado a ser livre e que a existência precede a essência. Nossa personalidade, portanto, é a construção de nossas próprias escolhas.

Já para Bourdieu, segue o raciocínio de que o sujeito não vive sozinho e tudo o que faz vem do meio em que está inserido, isto é, a sociedade condiciona o indivíduo. O homem autônomo então luta para para conseguir mudar a realidade a qual foi condicionado e depende de suas oportunidades para sair dela.

Ao fazer uma análise do filme Nerve, é perceptível que Vee ao decidir participar do jogo, possui liberdade de escolha, entre aceitar ou não. Ela, dessa forma, é dona de seu destino e tem poder sobre seus atos. Todavia, a partir do momento que aceita participar do jogo, passa a ser condicionada por uma atmosfera autônoma, pois o seu destino agora está pré determinado por causa dos desafios impostos pelo jogo. Uma cena muito marcante é quando ela e Ian (Dave Franco) são desafiados a andar de moto pela Time Square movimentada, sendo que Ian, o piloto, deveria dirigir com os olhos vendados. Caso aceitassem, ganhariam uma quantia muito grande de dinheiro. E se recusassem o desafio, não receberiam tal dinheiro.

Um outro aspecto muito interessante que permite entender essa dinâmica liberdade x autonomia, é quando ocorre a descoberta de que há pessoas aparentemente “presas” nesse jogo. Isto é, pessoas que as quais não realizaram os desafios impostos por Nerve e por isso, ficam presas eternamente na lógica do jogo. Ian é um deles, e de certa forma é autônomo. Ele deve prestar contas de tudo o que faz e é condicionado pelo jogo de Nerve a todo momento a lutar para mudar sua realidade (sair do jogo).

Nome: Alice Ruschel Mochko
Matrícula:99178

Tyler Down, a perca de si mesmo

''Meu nome é Tyler Down, e eu sou um sobrevivente'' - Cena da terceira temporada




A sociedade da transparência trata-se de uma sociedade caraterizada por uma radiação opaca penetrante e penetrável, pois apenas o vazio é de fato transparente. Nesse modelo de sociedade, a exposição de si em busca de atenção é um dos pontos mais fortes, principalmente na era das redes sociais e nessa ideia de que quanto mais produtivo seu dia, melhor. As pessoas buscam ao máximo estar ocupadas e entendem o tédio como algo negativo, praticamente não o suportam, e assim, param cada vez menos para pensar sobre suas atitudes e sua vida no geral, sobre que rumo se está seguindo.
A série produzida pela Netflix, 13 reasons why, tem como foco na primeira temporada o suicídio de Hannah Baker, mas usaremos como ponto de observação aqui a história de outro personagem: Tyler Down. Tyler é considerado o garoto ‘’esquisito’’ da escola, é humilhado em várias situações e todas as vezes em que busca uma relação com alguém ou um grupo, é excluído. Em certo ponto da trama, tem sua intimidade exposta na internet e é ainda mais caçoado e humilhado pelos colegas de escola. O adolescente, que até então já se sentia rejeitado pelos demais, prestes a perder o sentido de sua vida, vê o resto de esperança indo por água abaixo depois de sofrer um estupro cruel e repulsivo. Tyler não apenas se sente vazio, mas não reconhece mais a si mesmo. Depois de tanto tentar se modular para ser inserido nos grupos dos quais queria fazer parte, perde a essência de si mesmo e nada mais lhe importa. Tyler deseja vingança, e morte não é mais, de fato, um problema. A partir do momento em que não se reconhece mais, nada mais é relevante para ele.
Tyler acaba tendo um bom final, se reerguendo e tentando mais uma vez, mas nem todas as pessoas na realidade conseguem. Uma vez perdida a essência de quem se é, torna-se uma tarefa extremamente difícil redescobrir quem você é debaixo de toda maquiagem e fingimento. E esse é um dos principais problemas da sociedade da transparência: a busca por atenção e a necessidade de expor e de se encaixar cria pessoas doentes, que nem sempre conseguem se recuperar.


Ana Caroline De Souza, 99211