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segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Não sei, só sei que foi assim





Imagens do filme


O Auto da Compadecida é um dos filmes brasileiros mais queridos de todos os tempos, tendo sido este o filme de maior bilheteria do ano em que foi lançado. Baseado na peça teatral de 1955 de Ariano Suassuna, conta a história de João Grilo e Chicó, dois nordestinos pobres que se metem nas mais diversas encrencas pelas redondezas onde vivem, mentindo e enganando as pessoas em busca da sobrevivência.
Um dos principais marcos do filme são os momentos finais, onde boa parte dos personagens da trama são mortos por um cangaceiro e se reencontram no céu para o julgamento perante Deus e o demônio. João Grilo está incluso nesse grupo, e na hora de seu julgamento acaba por admitir as inúmeras mentiras que contou, as pessoas que enganou e tudo que aprontou enquanto vivo, em uma cena arrepiante em que se dirige para as portas do inferno ao assumir sua culpa. Momentos antes, porém, João Grilo havia pedido a interseção de Nossa Senhora no julgamento, e esta vem ao seu socorro. Para que Jesus salve João Grilo, ela argumenta que o rapaz julgado fez o que precisava ser feito para sobreviver, argumenta sobre a infância difícil que ele tivera, de extrema pobreza e sofrimento. Ao seu ver, João Grilo merecia o perdão ou a chance de tentar de novo pelo que sofreu em seu passado, mas analisemos a seguinte questão: João Grilo estava destinado a nascer pobre e se tornar um grande mentiroso? Ou poderia, a partir de seu livre arbítrio, ter escolhido e seguido um rumo diferente? Poderia ele ter evitado todas as confusões que causou com seu poder de mentira e manipulação?
Outro personagem que podemos analisar sob a mesma linha de pensamento é justamente o cangaceiro responsável pelas mortes do filme, Severino, que tem seu veredito dado rapidamente. Severino é salvo, apesar de todas a dor e sofrimento que causou, porque conheceu a crueldade do ser humano desde menino, viu toda sua família sendo morta e viver na violência era a única forma que conhecia, e para Jesus Cristo isso era o suficiente.
É difícil, em vista desses casos, analisar se esses personagens estavam destinados a agir da forma como agiram ou se tinham de fato uma liberdade. Se já estavam destinados a acabar como acabaram, como o determinismo propõe, então possuíam autonomia para determinar suas atitudes, mas não uma liberdade de fato, que acabasse por alterar o rumo final de suas vidas.



Ana Caroline Souza, 99211

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