Hoje em dia
é quase unanime a opinião de que Adolf Hitler e de que tudo relacionado à sua
imagem é abominável. A maioria das pessoas diz não entender como um homem como
aquele chegou ao poder e nunca foi criticado em suas decisões, julgando todos
os alemães como “idiotas alienados e incapazes de protestar”.
Entretanto, apesar
de ser bem popular entre os alemães, o governo de Adolf não agradava a todos, levantando
formas de oposição que iam desde o não cumprimento das regras nazistas até uma
tentativa de assassiná-lo. Obviamente, a maioria das pessoas que se mostravam
publicamente antinazistas sofriam graves consequências. Todavia, pensar na
simples existência dessa oposição já é o suficiente para levantar outras questões.
Não haveria mais alemães insatisfeitos com os ideais de Hitler? Seria o medo da
morte um empecilho tão eficiente a ponto de calar a grande maioria?
Essas
questões podem ser observadas no livro e filme A Menina que Roubava Livros, no
qual, durante a Segunda Guerra Mundial, a família Hubermann se vê em um dilema
ao abrigarem no porão de sua casa um judeu refugiado (Max). Liesel Meminger é a
filha adotiva do casal e tenta viver entre as regras nazistas, seu novo melhor
amigo Rudy, sua insaciável vontade de roubar livros e seu grande apego por Max.
Liesel e sua
família não concordam com a maneira com a qual Hitler conduz o país. Porém, não
falam sobre isso com ninguém e vivem como se fossem perfeitos alemães que
apenas seguem o fluxo em uma Alemanha nazista e em guerra. Não há quem saiba de
seus pensamentos de igualdade e até mesmo Rudy, que conhece e aceita o fato de
Liesal roubar livros, nunca soube sobre o “Max que vivia no porão”. Por quê?
Elisabeth
Noelle-Neumann é uma cientista política que criou o livro The Spiral of
Silence: Public Opinion – Our Social Skin, no qual apresenta a Teoria do
Espiral do Silêncio.
De acordo
com ela, quando os meios de comunicação (no nosso exemplo, controlados por
Hitler) se alinham à opinião pública (no exemplo, favorável ao nazismo) cria-se
uma opinião dominante e certa ideia torna-se inquestionável, quase uma verdade
absoluta e qualquer que discordar dela será severamente julgado.
Assim sendo: existe uma opinião que domina -> algum indivíduo expressa algo diferente daquela
opinião -> há um forte conflito -> tende-se ao silêncio.
Um pensador
mais antigo, Tocqueville, explica sobre o Medo do Isolamento Opinativo, onde
diz que as pessoas são capazes de negar sua própria realidade (e ideais) para
não terem uma visão de realidade diferente do grupo.
Se juntarmos
essas duas teorias, talvez possamos compreender um pouco mais sobre o que se
passava na cabeça de alguns alemãs durante o período Nazi e também o que
enfrentavam os Hubermann.
Resumidamente,
o fato das pessoas com opiniões diferentes se expressarem não quer dizer,
necessariamente, que elas mudaram de opinião ou aceitam o fato, significa,
simplesmente, que elas se calaram.
Texto por: Maianna Medeiros
Matrícula: 99188
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