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domingo, 8 de setembro de 2019

“Heil, Hitler!”, ou nem tanto...


Hoje em dia é quase unanime a opinião de que Adolf Hitler e de que tudo relacionado à sua imagem é abominável. A maioria das pessoas diz não entender como um homem como aquele chegou ao poder e nunca foi criticado em suas decisões, julgando todos os alemães como “idiotas alienados e incapazes de protestar”.

Entretanto, apesar de ser bem popular entre os alemães, o governo de Adolf não agradava a todos, levantando formas de oposição que iam desde o não cumprimento das regras nazistas até uma tentativa de assassiná-lo. Obviamente, a maioria das pessoas que se mostravam publicamente antinazistas sofriam graves consequências. Todavia, pensar na simples existência dessa oposição já é o suficiente para levantar outras questões. Não haveria mais alemães insatisfeitos com os ideais de Hitler? Seria o medo da morte um empecilho tão eficiente a ponto de calar a grande maioria?

Essas questões podem ser observadas no livro e filme A Menina que Roubava Livros, no qual, durante a Segunda Guerra Mundial, a família Hubermann se vê em um dilema ao abrigarem no porão de sua casa um judeu refugiado (Max). Liesel Meminger é a filha adotiva do casal e tenta viver entre as regras nazistas, seu novo melhor amigo Rudy, sua insaciável vontade de roubar livros e seu grande apego por Max.

Liesel e sua família não concordam com a maneira com a qual Hitler conduz o país. Porém, não falam sobre isso com ninguém e vivem como se fossem perfeitos alemães que apenas seguem o fluxo em uma Alemanha nazista e em guerra. Não há quem saiba de seus pensamentos de igualdade e até mesmo Rudy, que conhece e aceita o fato de Liesal roubar livros, nunca soube sobre o “Max que vivia no porão”. Por quê?

Elisabeth Noelle-Neumann é uma cientista política que criou o livro The Spiral of Silence: Public Opinion – Our Social Skin, no qual apresenta a Teoria do Espiral do Silêncio.

De acordo com ela, quando os meios de comunicação (no nosso exemplo, controlados por Hitler) se alinham à opinião pública (no exemplo, favorável ao nazismo) cria-se uma opinião dominante e certa ideia torna-se inquestionável, quase uma verdade absoluta e qualquer que discordar dela será severamente julgado.

Assim sendo: existe uma opinião que domina -> algum indivíduo expressa algo diferente daquela opinião -> há um forte conflito -> tende-se ao silêncio.

Um pensador mais antigo, Tocqueville, explica sobre o Medo do Isolamento Opinativo, onde diz que as pessoas são capazes de negar sua própria realidade (e ideais) para não terem uma visão de realidade diferente do grupo.

Se juntarmos essas duas teorias, talvez possamos compreender um pouco mais sobre o que se passava na cabeça de alguns alemãs durante o período Nazi e também o que enfrentavam os Hubermann.

Resumidamente, o fato das pessoas com opiniões diferentes se expressarem não quer dizer, necessariamente, que elas mudaram de opinião ou aceitam o fato, significa, simplesmente, que elas se calaram. 



  • https://encyclopedia.ushmm.org/content/pt-br/article/german-resistance-to-hitle



  • Texto por: Maianna Medeiros
    Matrícula: 99188




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