Cena do episódio 01, da primeira temporada, quando Lucifer conhece Trixie, filha da detetive Decker. |
“Lucifer
(Tom Ellis), também conhecido como o Senhor do Inferno, se cansa da vida
demoníaca que leva no subterrâneo e decide se mudar para Los Angeles. Lá, ele
passa a ajudar a polícia local a cercar e punir malfeitores”. Essa é a sinopse
da série Lucifer, de acordo com o site AdoroCinema.
Assim como
já dito, Lucifer se farta da chata rotina de governar o inferno e vai tirar
férias na Cidade dos Anjos, lá ele
conhece e convive com os mais diversos tipos de pessoas, sem ter, em momento
algum, vergonha ou medo de dizer a elas quem ele realmente é: o diabo.
Entretanto,
apesar da clareza nas palavras de Lucifer, os seres humanos sempre parecem não
acreditar no que sai de sua boca. Ao menos é isso que vemos acontecer diversas
vezes com a detetive Decker e com Linda, amiga e, posteriormente, terapeuta do
protagonista. Enquanto para Decker, ele não passa de um “cara egocêntrico e
pirado”, para Linda, ele é alguém que tem problemas no passado e por isso vive
em uma metáfora, criando para si o personagem Lucifer Morningstar. Quando o
Senhor do Inferno decide mostrar sua verdadeira face à elas, apesar de isso
acontecer em episódios diferentes, ambas tem a mesma reação: ficam paralisadas.
Mesmo com toda sua inteligência e perspicácia, elas simplesmente não conseguem processar
aquela informação e se negam a crer no que seus olhos veem. Como diz o próprio
Lucifer, elas “quebram”.
A reação das
personagens, no entanto, pode ser debatida filosoficamente no conceito de
verdade. Esse conceito diz que o mundo só existe dentro de nossas mentes, ou
seja, ele é o que cada um de nós acreditamos que seja e fora de nossa cabeça, a
realidade não passa de algo ininteligível. Daí vem a nossa eterna necessidade
de conhecimento, o ser humano vive para aprender, para buscar respostas, porque
tem medo de aceitar que o mundo é sem sentido, que o mundo é o caos.
Acostumados
com um mundo que nós mesmos criamos, quando nos deparamos com algo que é
extremamente diferente daquilo que estamos habituados, nosso cérebro se torna
incapaz de atribuir sentido àquilo, isto é, não o vemos.
Nasce, então
o conceito de verdade, que erroneamente acreditamos tratar-se da realidade. A verdade
não pode ser a realidade pois, como já vimos, esta não existe (e se existe não
é capaz de ser compreendida). Dessa forma, verdade nada mais é do construir
diálogos que podem ser verificáveis e essas verificações podem variar de acordo
com as pessoas e grupos, por isso, a verdade é extremamente multável.
Voltemos a
Lucifer. Para a detetive e para a terapeuta a única verdade aceitável era que
Lucifer fosse um personagem construído por alguém cercado por traumas. Levar em
consideração que ele realmente fosse o Senhor do Inferno estava fora de
cogitação, porque estava também fora da realidade delas e daquilo que elas
achavam conhecer. Mas quando vai a um culto “satanista”, por exemplo, Lucifer
não é questionado em momento algum e os “fiéis” acreditam cegamente que ele
seja de fato o diabo. A partir do momento em que Lucifer Morningstar se revela
à Decker e Linda, porém, as duas “quebram” pois seus cérebros não são capazes
de compreender aquilo que seus olhos veem. Toda sua realidade é quebrada. O
mundo em que elas acreditavam até então, simplesmente não existe.
Texto por: Maianna Medeiros
Matrícula: 99188
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