Postagem em destaque

Quem influencia quem?

Isabelle Kruger Braconnot 99173 superestrutura O paradigma marxista sobre infraestrutura e superestrutura já é utilizado a muito tempo. A...

domingo, 15 de setembro de 2019

Poema de Sete Faces

Resultado de imagem para drummond


Carlos Drummond ao escrever o "Poema de sete faces" releva os sentimentos e o jeito de ser, através do eu-lírico influênciado pelo seu "anjo torto". Em uma composição de sete estrofes o narrador confesa ter-se embriagado, o que o teria encorajado a confessar sua própria miséria, coisa que seria incapaz se tivesse sóbrio. Drummond, em um tom metafórico, transmite uma visão negativa do homem, em uma visão sem esperança em relação à vida.
O anjo torto do poema pode simbolizar um mau conselheiro que o aludiu de que somente um ‘gauche’ poderia ter uma existência feliz, ele faz também referência ao desejo sexual dos homens, como se talvez tivesse experimentado algo a mais que a satisfação dos desejos. Logo em seguida o eu-narrador tratará do sentimento de solidão, apesar da multidão que o cerca, e toda a questão de identidade e o questionamento do seu próprio "eu". Na quarta estrofe o narrador é o homem que está atrás do bigode e dos óculos, por sua seriedade e isolamento parece esconder-se nessas ‘máscaras’ para evitar a convivência com as outras pessoas, vivendo nessa busca de identidade.


Poema de Sete Faces
Carlos Drummond de Andrade

Quando nasci, um anjo torto
Desses que vivem na sombra
Disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida

As casas espiam os homens
Que correm atrás de mulheres
A tarde talvez fosse azul
Não houvesse tantos desejos

O bonde passa cheio de pernas
Pernas brancas pretas amarelas
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração
Porém meus olhos
Não perguntam nada

O homem atrás do bigode
É sério, simples e forte
Quase não conversa
Tem poucos, raros amigos
O homem atrás dos óculos e do bigode

Meu Deus, por que me abandonaste
Se sabias que eu não era Deus
Se sabias que eu era fraco

Mundo mundo vasto mundo
Se eu me chamasse Raimundo
Seria uma rima, não seria uma solução
Mundo mundo vasto mundo
Mais vasto é meu coração

Eu não devia te dizer
Mas essa lua
Mas esse conhaque
Botam a gente comovido como o diabo


Laísa Rodrigues de Menezes
99197

Nenhum comentário:

Postar um comentário