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Quem influencia quem?

Isabelle Kruger Braconnot 99173 superestrutura O paradigma marxista sobre infraestrutura e superestrutura já é utilizado a muito tempo. A...

sábado, 31 de agosto de 2019

Portadores de liberdade


Apesar de se reduzir cada vez mais o campo da ética, me arrisco a dizer que somos os únicos seres existentes no universo dotados da capacidade de escolher, decidir e julgar a maneira a qual devemos viver. A cada passo que damos surgem milhões de hipóteses de vida cogitada, a cada passo, o homem escolhe, opta e renuncia a vida que ira viver. Entretanto, em um mundo com uma complexidade de valores, uma diversidade enorme de grupos e éticas diferentes, onde cada um é capaz de criar sua própria hierarquia de princípios, normas e regras, não é de se esperar nada menos que um pouco de caos.

Independentemente dos grandes eventos de civilização, como a “ Declaração Universal dos Direitos Humanos”, dos inúmeros costumes e valores que hoje regem a sociedade, acredito que somos seres plenamente capazes de escolher os nossos próprios critérios de vida e hierarquiza-los conforme a nossa própria  visão de mundo, além de arcar com as perdas e ganhos que acompanham cada escolha que fazemos. Portanto, por trás dessa “ liberdade’’ toda há um crescente sentimento de angustia, acentuada principalmente nos últimos anos, instigada pela constante incerteza da vida e pela ética que propõe um exercício de escolha permanente.

Sendo assim, é possível afirmar que a ética não é uma solução pronta e acabada e nem um protocolo simplificador da existência, ela é um conjunto de valores, critérios  e princípios  que utilizamos para nossa própria conduta, critérios esses que devem ser levados em conta o tempo, as circunstancias, o momento e a ocasião dos fatos.Todavia, se o mundo que hoje temos é resultado das escolhas que fizemos cabe a nos como portadores dessa liberdade suportar a angústia e assumir as responsabilidades de todas as nossas decisões.

Alterando o roteiro

É fato que a opinião pública é extremamente relevante para a elaboração da agenda dos meios de comunicação. Ao contrário do que diz a Teoria da Agenda Setting, o público é, sim, determinante para a escolha do que será ou não transmitido.  

Há diversos casos de produções da mídia que são alteradas devido a uma manifestação desfavorável por parte da opinião pública, afinal, qual meio de comunicação não almeja alcançar apoio popular? 

Como maior exemplo, há o caso da telenovela Torre de Babel, da Rede Globo, na qual havia um casal lésbico, formado por Rafaela (Christianne Torloni) e Leila (Silvia Pfeifer). Cenas cotidianas de afeto entre o casal começaram a causar alvoroço entre os telespectadores, que passaram a criticar e boicotar a obra. Sendo assim, o autor Silvio de Abreu alterou o roteiro, matando as duas personagens em uma explosão em um shopping center. A estratégia utilizada para agradar ao público deu certo, e a audiência de Torre de Babel decolou.

Deve-se lembrar, também, que os Meios de Comunicação não podem deixar que apenas a opinião pública seja responsável pela formação de toda a programação. Os assuntos da agenda pública e o faro jornalístico são fundamentais para que haja uma comunicação saudável entre o emissor e seus receptores. 
   
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Maria Eduarda - 99199

O quanto a Opinião Pública pode destruir a vida de alguém?


Imagem relacionada


Neste caso em específico, trataremos da possível destruição da carreira de um Mc, em 2018. No fatídico ano, houve uma explosão da música Surubinha de leve, cantada por Mc Diguinho. Que problema poderia haver com um hit que estava na boca do público, em diversos bailes funk, em carros de som pelo Brasil todo? Parando para analisar o beat, é até que interessante. Entretanto, o problema é pela sua letra.

“Só surubinha de leve
Surubinha de leve com essas filha da puta
Taca bebida depois taca pika
E abandona na rua.”

Tirando o linguajar pejorativo que se refere as mulheres nesse texto – essas filha da puta – e, que não vamos aprofundar já que não é o foco, há problema nos versos “Taca bebida depois taca pika, e abandona na rua”, fazendo apologia ao estupro. Como poderia uma música que estava hitando tanto se tornar um caso judicial?

Me recordo de abrir o Twitter na época do escândalo, nos Trendings Topics havia as palavras “Surubinha de leve”, onde os internautas problematizavam e criticavam duramente a letra e o Mc, que teve sua música retirada das plataformas de Stream, como o Youtube e o Spotify. Estava conversando com um amigo por meio de uma ligação de voz, e lembro de discutirmos este caso. Revivo em minha mente os meus seguintes dizeres: “Ah, se todo mundo tá criticando, provavelmente ele tem culpa nisso”. Parando para pensar o quão influenciado fui, sinto até uma pontada de vergonha. O jeito que a Opinião Pública caiu matando em cima desta problematização me influenciou sem ter consciência crítica disso. E não foi só a mim.

Fazendo uma pesquisa rápida no Google com as palavras “Mc Diguinho” e “Mc Diguinho polêmica”, se pode ter acesso a sites com as manchetes:

MPF reabre investigação contra MC Diguinho por 'Surubinha de Leve'
Site “O Dia”, do portal IG.
                 'Só surubinha de leve', de MC Diguinho, é criticada por fazer                                                        'apologia do estupro'

Site “G1”, do portal Globo.
Dias após a polêmica e a exclusão das músicas das plataformas, Mc Diguinho tentou relançar a versão light de “Surubinha de leve”. Entretanto, não adiantou.
Você já se queimou diante da Opinião Pública, meu bem!

Texto por: Luiz Gustavo Barbosa

Matrícula: 99203

A Teoria do reconhecimento em I am Mother

I am Mother é um filme original da Netflix, onde uma criança até ao longo de sua adolescência (interpretada por Clara Rugaard) é criada no subsolo por sua mãe robô (voz de Rose Byrne). A adolescente tem todo suporte “humanizado” instruído pela mãe robô; desde o ‘amor’, vestes, alimentação até a educação que, na teoria, é a “unidade necessária.”
Ao longo da trama a adolescente vivência a consciência infeliz, fazendo perguntas sobre quem ela é e como era o mundo fora do subsolo. Não contente com as respostas de sua mãe, ela procura investigar a linhagem, que por sabedoria humana, sabe que não nasceu de uma robô, tendo a necessidade de conhecer a verdadeira matéria- A ação ligada a consciência em si-para-si- por mais que deixe a mãe em fúria-o que é um sentimento, e não tem tanto sentido por vir de um robô- a adolescente encara as consequências em busca da verdade, por mais que vá destruir toda relação entre mãe e filha.
A dialética no filme e no que se aplica a teoria de Hegel, contempla a série de conceitos entre a busca da verdade, onde a adolescente procura dar sentido ao meio onde foi criada.

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

The Handmaid’s Tale: o reconhecimento da aia.


Handmaid’s Tale é uma série da Hulu, plataforma de streaming americana, baseada em um livro de Margaret Atwood: O conto da aia. A narrativa retrata uma realidade distópica na qual mulheres são sequestradas e sexualmente escravizadas. O contexto em que essa realidade torna-se possível é explicado aos poucos com o desenrolar da série; os humanos passam por uma crise de fertilidade, consequentemente, a taxa de natalidade de todos os países é reduzida. As potenciais mundiais estão alarmadas com a provável extinção humana, assim, surge uma religião radical que derruba o governo dos Estados Unidos, renomeando-o como República de Gilead. O novo governo totalitário sequestra as poucas mulheres férteis do país e obriga-as à servir sexualmente as famílias da elite.
A teoria do reconhecimento aplica-se no contexto da série, porque as aias se identificam como um grupo de resistência àquela sociedade. Segundo Hegel, o sujeito reconhece a si por meio da relação direta com outro indivíduo e/ou com a sociedade, a partir  da reflexão entre o eu e o não-eu. Logo, o processo de criar uma identidade individual ocorre de forma intersubjetiva. É necessário que a sociedade legitime um grupo para que o grupo legitime a si próprio, seja por diferenças linguísticas, culturais, históricas ou até mesmo de vestuário; como no caso das tribos urbanas e dos vestidos vermelhos das handmaid’s.


“A culpa é deles. Eles nunca deveriam ter nos dado uniformes se não queriam que fôssemos um exército”

Para Durkheim, a sociedade é anterior ao sujeito, sendo a individualidade um conceito formado sócio-historicamente. Portanto, as aias formam um grupo porque estão inseridas em uma sociedade que as coagem à isso. Apesar do conceito de livre-arbítrio, as decisões das mulheres, como o próprio grupo em si, são criadas pela sociedade em que vivem.
As formas de reconhecimento são divididas em três: o amor, o direito e a solidariedade. O amor, no estudo da psicologia infantil de Winnicott, é o entendimento da diferença entre o sujeito e a subjetividade do outro. De acordo com Honneth, a luta por reconhecimento acontece quando suas formas são feridas em conflitos sociais. Em Handmaid’s Tale, o conflito social é a violação das mulheres que rompe com o conceito de amor, pois objetifica os seres quando desrespeita sua integridade física e psíquica.
Em síntese, muitos estudos filosóficos e sociológicos podem ser exemplificados na sociedade fictícia de Gilead. Aliás, esse é um dos porquês o livro de Margaret foi consagrado como um best-seller, pois, apesar de extremamente violento, o conto assemelha-se a realidade.

Maria vai com as outras



O conto “Maria vai com as outras” de Sylvia Orthof fala sobre a ovelha Maria que sempre seguia os passos das outras ovelhas. Mesmo que as atitudes delas trouxessem consequências, Maria continuava fazendo o que as outras faziam. Até que um belo dia ela resolveu trilhar seu próprio caminho.

Esse conto basicamente resume a teoria da Espiral do Silêncio, criada por Elisabeth Noelle-Neumann. A consumação dessa teoria se dá quando o indivíduo deixa de expor sua opinião minoritária por medo de ser isolado de determinado grupo que tem a opinião dominante, facilmente expressada "graças" à mídia que prioriza a opinião da maioria.  

Como podemos observar, tem algo no conto que difere da teoria: Maria ficou silenciada por muito tempo, mas ela não foi vítima da espiral do silêncio a vida toda. Dessa forma, acredito que nós também devemos parar de ser “Maria vai com as outras” e optar por ser aquilo que nos faz bem. Precisamos de mais honestidade com nós mesmos para evitar o sofrimento de tentar nos adequar àquilo que agrada a maioria, mas não nos agrada.

Ah! Não tenha medo de ficar sozinho (a)... Lembre-se de um velho ditado: “Antes só do que mal acompanhado”.

Para assistir a narração do conto: clique aqui

Autora: Laura Fernandes de Souza
Matrícula: 99190







Teoria do Reconhecimento e afinal de contas, quem sou eu?

Sou um ser social. Beleza. Meus dilemas que grito como meus e minhas opiniões que esbravejo como minhas vieram de algo maior que eu, a saber, a sociedade. Aceito. De onde vem minha identidade? Se o grito pelo “conhece-te a ti mesmo” é o grito da minha geração, onde acho o meu eu?

Eu mesmo me pergunto essas coisas a 3 anos.

A teoria do reconhecimento aponta para um grito pra fora. Os outros me forjam. Me visto como eles se vestem. Penso o que eles conversam. Aprendi a amar com os outros, demonstrar com os outros. O filosofo cristão C.S.Lewis (que escreveu  As crônicas de Narnia) já apontava pra essa falta de identidade própria.  Ele diz:

Na verdade, aquilo que chamo com tanto orgulho de "eu mesmo" é simplesmente o ponto de encontro de miríades de cadeias de acontecimentos que não foram iniciadas por mim e não poderão ser encerradas por mim. Os desejos que chamo de "meus" são meramente os desejos vomitados pelo meu organismo físico, incutidos em mim pelo pensamento de outros homens ou mesmo sugeridos a mim pelos demônios. Ovos, álcool e uma boa noite de sono: eis aí a verdadeira origem da minha decisão de beijar a moça sentada à minha frente na cabine do trem, decisão que, para fazer uma vênia a mim mesmo, considero pessoalíssima e maduramente refletida. A propaganda será a verdadeira origem de minhas idéias políticas, que considero próprias e específicas. Em meu estado natural, não sou tanto uma "pessoa" quanto gosto de pensar que sou: a maior parte daquilo que chamo de "eu" pode ser facilmente explicada por outros fatores. E só quando me volto para Cristo, quando me entrego à personalidade dele, que começo a ter uma verdadeira personalidade minha.  

 E responde...


Quanto mais tiramos do caminho aquilo que agora chamamos de "nós mesmos" e deixamos que ele tome conta de nós, tanto mais nos tornamos aquilo que realmente somos. Ele é tão grande que milhões e milhões de "pequenos Cristos", todos diferentes, não serão suficientes para expressá-lo plenamente. Foi ele que os fez a todos. Ele inventou — como um escritor inventa os personagens de um romance - todos os homens diferentes que vocês e eu devemos ser. Nesse sentido, nossos verdadeiros seres  estão todos nele, esperando por nós. De nada vale procurar "ser eu mesmo" sem ele. Quanto mais resisto a ele e tento viver sozinho, tanto mais me deixo dominar por minha hereditariedade, minha criação, meus desejos naturais e o meio em que vivo. (Cristianismo Puro e Simples)


 Mas eis o ponto diferente. Lewis aponta pra uma mudança de caráter e personalidade no encontro de um homem com Cristo. O cristão verdadeiro, para Lewis, é transformado de tal forma que sua forma de andar muda, seu olhar muda e seu sorriso também. Essas coisas, entretanto, não saem de fora pra dentro, mas de dentro pra fora. O que ocorre é um encontro do eu consigo mesmo quando cesso minha busca por identidade. 

Cristo não é apenas mais uma coisa que me molda de fora. Na verdade, ele descobre (sim, por que é como se retirasse o que “me cobre” ) e me revela. Cristo me aproxima de mim. Não uma versão social minha. Mas a versão eterna. Cristo me resgata de um cargo que na verdade não é meu, mas que engoli na caminhada.

Romanos 12:2 diz: “E não vos conformeis ao presente século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente para que proveis qual seja a boa, perfeita e agradável vontade de Deus.” Não ser como os outros a minha volta é o cerne da nova identidade, do “novo nascimento”. Não que sejamos ETs passeando por aí (como muitos cristãos pensam). Podemos consumir cultura e – pelo amor de Deus-  podemos fazer tatuagem! Mas o grito é para que eu me deixe ser desfigurada, perdendo as camadas que me prendem e se assemelham ao aqui e agora e vendo aparecer em mim uma nova pele, mais real.  Nas Crônicas de Nárna, vemos inclusive outro exemplo. Em um dos livros, um dos personagens é transformado em um dragão. Quando se encontra com Aslam, o Leão que na historia representa o próprio Cristo, não basta para ele apenas tentar lavar a pele para voltar a ser um menino. É necessário que Aslam finque as unhas na carne do dragão e arranque seu couro por completo. Afinal, ele é um garoto novamente e agora deve voltar a aprender como agir como um. Se fui forjada em Deus, é Nele que encontro minha real personalidade. Desse modo, minha individualidade é verdadeira e fica cada vez mais independente. Um cristão que se preocupa em demasia em se vestir como um cristão, falha, por exemplo, na sua genuinidade. Não é uma identificação com o grupo que deve guia-lo, roupas não devem lhe preocupar de maneira nenhuma a não ser em vestir-se com modéstia. Mas a modéstia se inicia primeiramente no coração e portanto, buscando a Deus é que sou capaz de me vestir como um cristão real e portanto, como eu mesmo.

Existia portanto, motivo para eu estar tão assustada? Fui aos poucos compreendendo e libertando-me das exigências inclusive de parecer cristã, para abraçar uma fé genuína que me levaria até quem eu realmente era. Em Cristo. E eterna. Ainda sou um ser social e me visto como uma estudante normal (ou quase) da UFV. Mas quem eu sou não é o cuspe da minha sociedade pós moderna sobre mim. Existe algo que vive por valores mais elevados e  que são sopros do Eterno. E eu gosto que seja assim. Talvez, sendo um pouco mais como Ele eu possa ser feliz e descansada por ser um pouco mais como eu. 



quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Opinião pública, última pá de terra para Jesus Cristo

A história de Jesus Cristo De Nazaré tem sido repassada de geração em geração por bilhares de anos. Sendo cristão, ou não, é difícil encontrar alguém que não saiba ou tenha ouvido falar de quem foi esse homem que a todos intrigou.
As escritas deixadas por seus discípulos revelam como Jesus viveu sua vida buscando sempre ajudar ao próximo, pregando o amor entre as pessoas e valorizando aqueles marginalizados pelo sistema da época. Mas justamente por levantar a voz em prol dos pequenos diante da ganância e crueldade dos grandes, acabou por ser julgado ao lado de um dos ladrões mais odiados. E quando a população que ali se encontrava reunida, fora questionada por Pilatos, governador da província Judeia, sobre quem queriam que crucificassem, responderam "Jesus". Gritavam a plenos pulmões "crucifiquem-no!", e então assistiram enquanto aquele homem inocente subia todo o calvário carregando a pesada cruz em que seria pregado.
A opinião pública se trata da participação popular nas decisões e pensamentos de uma sociedade, e no caso da história de Jesus Cristo, o senso comum desejava e bradava para que este fosse morto. Isso mostra muito sobre os padrões de ética e moral daquela época, e como a junção de pensamentos semelhantes foram responsáveis pelo fim injusto desse homem.

Ana Caroline De Souza, 99211

A essência ou o silêncio?



imagem:https://brunasoares.com.br/wp-content/uploads/2016/01/vestibular.jpg


Somos a todo momento, desde crianças, acreditem, bombardeamos com a famigerada pergunta: “O que você quer ser quando crescer?” E você, na sua ingenuidade fala qualquer coisa esdrúxula, até porque que diabos eu preciso saber sendo que ainda sou tão jovem e tenho pouco experiência sobre?!
E logo depois, vamos crescendo e a vontade de ter respostas certeiras e concisas nos assolam cada vez mais. Os primeiros inconvenientes vêm, geralmente da família:
“- Ah, esse tem cara de médico. Vai ser igual ao pai!”
“- Não, ela será engenheira igual a prima que está em Yale. Olha, como ela monta esse quebra-cabeça!”
E ai de você se você disser que quer fazer outra coisa ein...
No ensino médio, a coisa fica mais profunda ainda. A adolescência é uma fase por si só cheia de dúvidas e incertezas sobre a vida e outras questões. Ainda mais, que algumas aptidões estão desenvolvidas, mas não em sua totalidade para lhe dar o caminho certo.
Sempre tem aquele professor no primeiro dia de aula que tem a ideia de perguntar para cada um a profissão escolhida ou almejada. Um por um, cada um nas carteiras é indagado:
“- Medicina! Amo ajudar pessoas!”
“-Engenharia!”
“-Direito!”
Eis que a pergunta chega a você, e apreensivo você diz o que de fato guarda com você. Sua convicção, seu sonho e de certa forma o que quer!
“- Jornalismo”
A sala vai ao silêncio.
Filosoficamnete, o que a cientistas política alemã Elisabeth Noelle-Neumann classifica como clima de opinião.
O professor fica um pouco desconfortável. Para ele, você que era o bom aluno na matéria dele e que tirava boas notas, o mínimo que poderia fazer era seguir a mesma área dele, óbvio.
E os anos vão passando e eis que você chega decisivamente em seu último ano do ensino médio. E a mesma rodada de perguntas é feita para cada um dos estudantes.
Você, com medo do que irão pensar, medo do isolamento opinativo da sala e rapidamente pela pressão imposta pelo seu grupo social (escola), vai de encontro a maioria e prefere omitir sua opinião e de prontidão quando indagado, diz sorridente:
“-Engenharia!”
A sala nada diz e o professor feliz continua sua infortuna ação de perguntar para cada um suas escolhas profissionais.
Nesse exemplo, fica claro a ideia de espiral do silêncio proposta por Noelle-Neumann. As pessoas se alinham a uma maioria com opinião dominante por medo de serem excluídas de seu grupo e para evitarem um conflito em seu meio social.  Assim, uma massa não exprimem sua essência e preferem se calar ao assumir um posicionamento genuinamente seu que reflete suas características como ser singular e único.

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Ser aceito por um grupo pelo o que é ou pelo o que parece ser?



A universidade é um ambiente plural e permite o encontro de pessoas vindas de lugares distintos, idades diferentes, enfim culturas diversas. Mas é fácil observar como se formam diferentes grupos dentro dela, principalmente de acordo com as ciências.

Nas ciências humanas, observamos com facilidade o característico estilo “hippie”, de usar roupas mais confortáveis, fumar com mais frequência e usar mais tipos de drogas. A galera das ciências agrárias carrega um estilo mais sertanejo, usando bota, fivela, chapéu. Mas lembrando de que isso é um estereótipo das áreas e não necessariamente, para fazer um curso de determinada área, você tem de se portar de maneira X ou Y.

Imagem meramente ilustrativa - Grupo de estudantes
Mas por existir um determinado clima de opinião pré-definido de acordo com cada ciclo social, é difícil que alguém se porte de maneira diferente do grupo, exatamente porque a pessoa sabe que se expressar uma opinião contrária, não será aceita pelos demais. Exemplo: se alguém de algum curso da área de humanas, se expressar favorável ao governo Bolsonaro, provavelmente ela será hostilizada. Por saber que a possibilidade de haver esse conflito, as pessoas não exprimem sua verdadeira realidade, gerando assim uma tendência ao silêncio.

Tal comportamento não ocorre somente na universidade, mas como no ambiente de trabalho, escolas, e diversos outros.



Taynara Pena
Matrícula: 99205

Uma Multidão de Diferentões Iguais

por Júlia Ennes. Matrícula: 99193

Vira e mexe diferentes tipos de estilos entram em choque nas redes sociais. É comum ver comentários chamam os outros de padrãozinho e o famoso "chuta/sacode uma árvore que aparece X igual"









Mas o fato é que o ser humano precisa não só viver em sociedade, mas se sentir pertencente àquela sociedade e aceito. A necessidade de se reconhecer como pertencente a um grupo é intrínseca ao ser humano. E essa necessidade - que é construída socialmente - faz com que tentemos de tudo, mesmo sem perceber, para que possamos nos encaixar. Assim, quando me identifico com um grupo, começo a me comportar, vestir e agir de forma que eu seja reconhecido e aceito pelos outros membros do grupo. Ou seja, nem as brancas de colégio particular na barra da tijuca nem as alternativas de franjinha e piercing no septo são 100% autenticas.

Sendo assim, desculpe por te informar mas por mais “diferentão” que você se considere, você só é fruto de um contexto socio-histórico-cultural e só está tentando ser aceito - assim como todo mundo. E tudo bem. De verdade.

Gossip Girl: Manipulações e enquadramentos alarmantes






Gossip Girl é uma série de televisão americana, produzida pela “The CW”. O seriado conta a história de uma suposta “garota” que é responsável - através das mídias sociais - pela divulgação de fatos e boatos acerca da vida pessoal dos adolescentes de Manhattan.

Quando analisamos a série pelos parâmetros da hipótese de Agenda Pública, podemos perceber o quanto são relacionadas. Desde o momento em que uma pessoa se dispõe a colocar a vida de adolescentes ricos como algo importante nas redes, já influencia o público a achar que aquilo deveria ser algo para se interessar e até mesmo, acompanhar.

A “garota do blog”, como é denominada, expõe a vida desses adolescentes à maneira que recebe informações pelo público que os perseguem e registram os momentos vivenciados pelos mesmos. “Ela” molda tudo que ocorre no distrito e faz as pessoas acharem aquelas notícias importantes suficientes para se tornarem pauta no vocabulário diário das pessoas.

Embora todo conhecimento do que ocorre com Nathaniel Archibald, Serena Van der Woodsen, Daniel Humphrey, Blair Waldorf, Chuck Bass, e entre outros personagens, seja notificado pelas pessoas que registram os momentos, muitas notícias são apenas boatos, e ao serem divulgadas pela “garota do blog”, alcançam uma grande dimensão, e acabam prejudicando a vida dos adolescentes, que durante a narrativa são acusados por notícias alarmantes, como: estupro, venda de drogas, traição, etc.

Exemplo dessas notícias que ganham voz pelas redes sociais na boca do povo, é o envolvimento do adolescente Daniel Humphrey com a professora do colégio, que terminou por fazê-la ser demitida, e a ele, o término do relacionamento com sua atual namorada. Tudo isso aconteceu por causa da repercussão dada pela sociedade, que nesse caso, foi relevante para resolver algo que estava sendo inapropriado.

Daniel Humphrey, menor de idade, envolvido com professora.


Isso explica como a Agenda Setting captura ângulos a serem vistos como importante pela população, quando, na verdade, a importância dada ao assunto deveria ser de somente interesse particular dos envolvidos no caso, em determinadas situações. Muitas vezes, isso pode ajudar, mas a partir do momento em que uma informação é capturada de forma errada pela mídia e divulgada em repercussão, pode até mesmo transformar um inocente em suspeito.



Isabelle de Oliveira
Matrícula: 99200

Por trás da queda das Torres Gêmeas

Em 2004 foi lançado um filme que causou muita polêmica nos Estados Unidos: Fahrenheit 9/11 com a direção de Michael Moore. O filme se inicia com a posse do George W. Bush II, vencedor da corrida presidencial. O agendamento público se inicia a priori, quando o Diretor do filme resolve mostrar toda sua falta de respeito ao então presidente, por meio de uma temática diferente: o mostra como um homem normal, que pesca como parte de seus hobbies, aproveitava as férias,viajava e consequentemente não dava a devida atenção nos assuntos do país. Tudo isso para tirá-lo do seu pedestal como o homem mais poderoso e influente do mundo.



No dia do ataque as torres, Bush estava tranquilo lendo livros para crianças em uma escola quando foi informado sobre a primeira colisão (de duas) em uma das torres do World Trade Center localizado em Nova York. O ataque foi conduzido a mando dos terroristas do denominado " Al Qaeda" impulsionando uma série de preocupações por parte de Bush e é ai que o diretor parte para outro tipo de enquadramento: acontece que a família do presidente possuía relações com a família de Bin Laden, que dias após o atentato tiveram permissão para sair deixar América do Norte e retornar para seu país de origem.



Com esse fatídico acontecimento, o presidente precisava assumir uma postura de comando e tranquilizar os cidadãos de todo o país, com isso reforçou toda segurança. No entanto, o mais contraditório é que ao mesmo tempo que se instalava a paz, também era incitado o medo para que as acusações contra Bush não fossem levadas a diante.De forma astuta e com o intuito de desviar a atenção concentrada em si que deu origem às investigações, a culpa acabou recaída em um homem da família Bin Laden, que desde então ficou rotulado com um monstro: Osama Bin Laden.



Bush estava tão preocupado na manipulação dos cidadãos americanos, que levou diversos soldados à uma "falsa guerra". Desde então vários jovens, homens apaixonados por sua pátria, todos americanos, perderam suas vidas em um lugar cujo povo mal algum havia feito aos Estados Unidos da América.

Portanto, podemos concluir que o filme demonstra diversos agendamentos e enquadramentos que a política pública usou como forma de acobertar suspeitas e suprir a necessidade de toda uma nação por paz, justiça e segurança.

terça-feira, 27 de agosto de 2019

Arrombou a mídia | Análise da canção pelo viés da Opinião Pública

 Roberta Abreu (99208)


Rita Lee apresentando sua música, "arrombou a mídia", revelando um verdadeiro manifesto


Rita Lee compôs essa música há mais de 15 anos atrás, e, embora o tempo tenha passado, a essência de sua letra ainda é o retrato da sociedade nos dias atuais. “Arrombou a mídia” nada mais é do que uma dura crítica ao poder que a mídia, através dos meios de comunicação, exerce sobre as pessoas, sendo capaz de ditar comportamentos, opiniões e estilos de vida.




“Rádio e TV tem jabá

Novelas ditam quem é Star

Eu também quero ser marketeira
Tem sempre na tela um apresentador
Vendendo a tragédia de algum cantor
A fé corre o risco de fugir da igreja
No canal do bispo, comercial de cerveja”





Quando se fala em jabá, ela quer dizer que os grandes veículos de informação, como o rádio e a televisão, muitas vezes, levam a seus programas e/ou fazem certas propagandas para cantores em troca de suborno. As telenovelas, que fazem parte do cotidiano do brasileiro desde os anos 50, são consideradas entretenimentos diante de quem as consome, além de mostrar quem/o que está em alta, sendo capaz de influenciar comportamentos na vida de quem acredita. Lee fala também das propagandas, que são verdadeiros métodos de persuasão, fomentadoras do consumismo exacerbado. A crítica que ela faz é genial, pois se o dono da emissora não consome e é contra o produto, por que é que ele vai gerenciar propagandas que enaltecem a bebida alcoólica? Simples, pelo dinheiro. Mas quem vê tudo isso que a mídia publica, quando não tem uma sólida opinião e personalidade formadas, toma como verdade absoluta e faz de tudo para seguir os padrões que são impostos.




Esses e muito outros trechos da música reforçam a ideia da Teoria da Agenda Setting, que diz que a mídia quem determina quais assuntos farão parte das conversas dos consumidores de notícias. Ou seja, é ela que pauta o que nós, meros mortais, vamos achar válido discutir e conversar sobre. Assim, vai aos poucos moldando nossas opiniões acerca das mais temáticas, remodela nosso modo de pensar e enxergar o mundo a nossa volta. Essa manipulação, quase imperceptível, norteia as opiniões individuais para o senso comum e assim perdemos força diante de assuntos de importância social, como a política. 




“De meia em meia hora, uma nova pesquisa
Mas como, se ninguém nunca me analisa?
Por sorte meu controle anda tão descontrolado
Eu mudo de canal e ele aperta o desligado..”




Como Rita Lee deixa claro nos versos acima, ela sabe que a comunicação de massa não analisa opinião por opinião nem indivíduo por indivíduo, bem como cada contexto em que cada um está inserido. E se ela está ciente disso, ela também saca que a mídia quer englobar o máximo de pessoas possível em sua manipulação, só que graças às brechas dessa doutrinação, há pessoas que conseguem perceber e escapar dessa armadilha. Diante disso, percebemos então que a opinião pública pode tomar força e redirecionar os rumos que os assuntos agendados pelos meios tomam; a opinião pública pode, também, ser uma grande influenciadora na tomada de decisão de determinados grupos e de determinadas mídias. Para que isso seja exequível, necessita-se de pessoas com autoconhecimento, capazes de se libertar das amarras midiáticas e que busquem opiniões sólidas e embasadas em juízos racionais.