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segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Os quatro do Central Park, mais um

Uma das coisas que realmente me impressionaram foi quando Korey me disse: "Não há cinco do Central Park. Foram quatro e mais um. E ninguém contou essa história", explicou a cineasta DuVernay, durante uma entrevista ao Town & Country. "Acho importante que as pessoas entendam o que significa ser encarcerado em prisões para adultos neste país".


Em 1989, Kevin Richardson, Yusef Salaam, Antron Mc Cray, Raymond Santana Jr e Korey Wise, rapazes negros e hispânicos do Harlem, foram acusados de estuprar e agredir brutalmente uma mulher branca que corria no Central Park. A vítima sobreviveu, mas não em condições de recordar o que aconteceu para indicar um culpado. Se utilizando do abuso de poder, as autoridades submeteram os menores a um interrogatório por mais de 12 horas sem a companhia do adulto, montando toda uma conspiração para que os mesmos confessassem ou acusassem uns aos outros.

A história conhecida como "Os cinco do Central Park" é retratada em recente minissérie produzida pela Netflix: "Olhos que condenam" (nome original: When they see us)", dirigido por Ava DuVernay que trouxe de volta a discussão e reflexão quanto ao racismo e as falhas do sistema jurídico dos Estados Unidos.

No último episódio, podemos ver um pouco da trajetória de Korey Wise, que só acabou envolvido na investigação por ter acompanhado o amigo, Yusef Salaam, até a delegacia. Na época com 16 anos, Korey foi o único a ser mandado para uma prisão de adultos, onde sofreu a experiência penosa de ser parte de uma população carcerária em situação precária. Muitas pontos apresentados no episódio são temas a serem discutidos sobre a postura ética, mais especificamente dos guardas carcerários que ofereciam "proteção" a Kory diante dos presos mais velhos e violentos, apenas se recebessem algo em troca, como comida.
Não é um erro afirmar que a conduta desses profissionais é um tanto quanto duvidosa...

Diante de uma realidade de violência, medo, agressões físicas e psicológicas, e do sentimento angustiante de estar vivendo todo esse pesadelo injustamente, Korey se vê diante da oportunidade de uma reunião para conseguir uma condicional. Exigem, porém, que ele esteja preparado para assumir a culpa dos crimes pelos quais fora condenado. Diante de sua honra e seu valores éticos, Korey nega até o fim, deixando até mesmo de comparecer às reuniões por não estar disposto a assumir algo que não fez, ainda que isso significasse mais longos anos na cadeia. A discrepância entre a postura de Korey e dos guardas diante de suas
respectivas realidades é uma questão que levanta discussões a respeito do que é certo e errado. Se estivessem sendo observados por alguma autoridade, os guardas agiriam de forma diferente? Quão importante era para Wise, em sua consciência, se manter inocente, ainda que toda uma Nova York acreditassem no contrário?
Podemos perceber que, as atitudes que algumas pessoas tomam quando não estão sendo observadas, diz muito sobre o que habita dentro de cada uma e sobre o que consideram realmente importante, justo e certo.

Ana Caroline Souza
99211

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