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quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Ser bom ou escolher ser bom? | A ética enquadrada em Laranja Mecânica

Roberta Abreu (99208)
Considerado um dos maiores clássicos do mundo cinematográfico, Laranja Mecânica é um longa que envolve muito drama, mistério e críticas sociais em seu decorrer. Lançado em 1972, a história se passa num cenário de uma Inglaterra futurista, onde o autoritarismo e a violência estão em alta. Alexander Delage, o protagonista, é líder de um grupo de jovens vândalos que veem diversão em fazer arruaça e praticar crimes, sempre fomentando o caos. No entanto, em casa, Alex se mostra uma pessoa totalmente ao contrário e seus pais jamais imaginariam que seu único filho tivesse costumes de um delinquente, bem como acontece na vida real. Na trama, espancar mendigo, invadir propriedade privada, estuprar, roubar e assassinar são ações comuns do cotidiano do bando, até que em um assassinato Alex é capturado pela polícia, sendo condenado a muitos anos de prisão. 

Curiosamente, o Governo estava a realizar testes experimentais que “curavam” qualquer tipo de pessoa avessa às regras sociais e em duas semanas o tratamento estaria concluído. Alex então, louco para sair da prisão, topa ser cobaia para receber sua liberdade. O método, chamado Ludovico, era como uma tortura: preso por uma camisa de força e obrigado a manter os olhos abertos, o “paciente”, com sequentes injetadas de drogas, era forçado a assistir incansáveis cenas de extrema violência. O resultado era uma nova pessoa, condicionada a não fazer o mal.
Cena retrata o repressivo tratamento Ludovico em Alex.
Alex, sempre que presenciava situações que antes lhe convinha a praticar maldade, agora sentia ânsia de vômito e não conseguia cumprir, mesmo que sentisse vontade, revelando que o Governo até poderia controlar as ações dos indivíduos, mas seria incapaz de controlar suas verdadeiras vontades. 

É a partir daí que nos cabe refletir: até onde vai o limite do Sistema para escolher e aplicar medidas que fomentem o equilíbrio social? Esse limite existe? Também nos cabe pensar se é certo ultrapassar qualquer ética para obter um bem comum, como é feito no filme. Além disso, Laranja Mecânica nos mostra, em sua concepção mais profunda, uma pessoa que não tem mais o livre arbítrio, não tem mais poder de escolha. Isso faz um grande bem para a sociedade visto pela ótica de que os crimes não mais existirão. Mas mostra também uma sociedade mecanizada, onde os homem são como robôs e não podem manifestar seus desejos, já que não há liberdade e estão presos nas amarras do Estado. 


"A virtude vem de nós mesmos. É uma escolha que só a nós pertence. Quando um homem perde a capacidade de escolher, deixa de ser homem".
- Laranja Mecânica
Essa repressão do tratamento Ludovico  nega que a pessoa faça escolhas pessoais, nega a autodefesa e também nega qualquer autopreservação, como mostra na cena em que Alex tenta suicídio. É imprescindível nós analisarmos o real significado de onde parte a bondade: ela vem da consciência de cada um, seguindo a moral social, ou ela é apenas algo imposto e teatral? Alex não pôde escolher mudar, não pôde ter a consciência de agir pelo bem. A sua reeducação foi a manipulação, passando por cima de qualquer sinal de ética e demonstrando o quanto somos ensinados a encenar, ao invés de mudar.  














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