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terça-feira, 27 de agosto de 2019

Black Mirror: Hino Nacional - Você realmente lamenta?


O primeiro episódio da série produzida pela Netflix, “Black Mirror”, foi/é responsável por promover uma reflexão incrível e ao mesmo tempo traumatizante aos telespectadores do seriado - que é conhecido por promover análises sobre discussões presentes no mundo atual e que se camuflam perante assuntos de maior repercussão.

O episódio trata de um primeiro-ministro chamado Michael Callow, que tem sua paz perturbada quando um membro da família real, princesa Suzannah, é sequestrada. O sequestrador da garota, expõe durante a manhã do dia, em vídeo que repercute nacionalmente, que só a soltaria caso o primeiro-ministro tivesse relações sexuais com um porco em rede nacional até as 16h do mesmo dia.

Michael assume que aquele vídeo não poderia sair daquele ambiente, mas não imaginava que ele já teria conquistado a dimensão do país inteiro por meio de diversas redes sociais. O episódio aborda essa temática digital, mas o que se pode perceber é que, após ganhar destaque ao público, a decisão que o ministro deveria tomar, se torna muito mais difícil.

Questionários são realizados por programas de TV e outros meios para saber a opinião do público sobre a decisão que deveria ser tomada por Michael. Alguns cidadãos conferem à ele o caráter de realizar o feitio proposto, a fim da liberdade de Suzannah, enquanto outros, no entanto, colocam aquela situação como traumatizante para ele, no entanto não apoiam o ato.

Com a maioria pendendo para o lado da soltura da princesa, a decisão de aparecer em rede nacional tendo relações sexuais com um animal - porco - ganha sentido. O ministro se vê numa posição em que é pressionado a seguir a opinião pública, pois do contrário seria julgado pela morte da princesa sequestrada.

Gráfico correspondendo à população que disse que não ia assistir, mas que no fim, assistiu por inteiro.


Quando chega o momento da decisão final, por pressão, Michael escolhe obedecer ao público, e realiza o ato enquanto os telespectadores - ainda com os meios digitais alertando sobre as cenas que seriam transmitidas - assistem com desgosto. A questão é que ainda que achando aquilo horrível e traumatizante para o ministro, as pessoas haviam escolhido aquilo para ele.

Michael coagido pelo público, se preparando para ter relações sexuais com o animal.


No fim do episódio, a princesa é liberta, em uma ponte, antes mesmo de terminar a transmição. O sequestrador havia a soltado enquanto as pessoas estavam em suas casas assistindo ao ato, o que mostra que todo esforço tido por Michael havia sido em vão. Se ele tivesse escolhido não fazê-lo, a princesa seria libertada da mesma forma, pois o sequestrador só queria mostrar o quanto as pessoas se importavam mais com o entretenimento - ainda que nojento - do que repensar naquela situação.

Princesa Suzannah em liberdade.


A opinião pública, nesse caso, contribuiu para forçar uma decisão não pensada individualmente pelo ministro. Com medo de ser julgado, ele preferiu tomar a direção dada pelo público, e acabou cometendo uma ação terrível e desnecessária para o processo. O peso de ser encarado como “assassino indireto” foi maior do que seu bem estar pessoal, e ele não teve escolha de decidir o que desejava para si próprio.

E então, será que o público realmente se lamentou perante à situação em que ele se encontrou, ou a prática de determinar foi predominante e terminou por coagi-lo a fazer algo desnecessário? E você? Faria parte da opinião pública? Claro que faria, caso contrário, seria julgado(a) da mesma forma!

Segue um Trailer do episódio, resumindo bem essa narrativa:


Isabelle de Oliveira
Matrícula: 99200

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