Postagem em destaque

Quem influencia quem?

Isabelle Kruger Braconnot 99173 superestrutura O paradigma marxista sobre infraestrutura e superestrutura já é utilizado a muito tempo. A...

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

The Handmaid’s Tale: o reconhecimento da aia.


Handmaid’s Tale é uma série da Hulu, plataforma de streaming americana, baseada em um livro de Margaret Atwood: O conto da aia. A narrativa retrata uma realidade distópica na qual mulheres são sequestradas e sexualmente escravizadas. O contexto em que essa realidade torna-se possível é explicado aos poucos com o desenrolar da série; os humanos passam por uma crise de fertilidade, consequentemente, a taxa de natalidade de todos os países é reduzida. As potenciais mundiais estão alarmadas com a provável extinção humana, assim, surge uma religião radical que derruba o governo dos Estados Unidos, renomeando-o como República de Gilead. O novo governo totalitário sequestra as poucas mulheres férteis do país e obriga-as à servir sexualmente as famílias da elite.
A teoria do reconhecimento aplica-se no contexto da série, porque as aias se identificam como um grupo de resistência àquela sociedade. Segundo Hegel, o sujeito reconhece a si por meio da relação direta com outro indivíduo e/ou com a sociedade, a partir  da reflexão entre o eu e o não-eu. Logo, o processo de criar uma identidade individual ocorre de forma intersubjetiva. É necessário que a sociedade legitime um grupo para que o grupo legitime a si próprio, seja por diferenças linguísticas, culturais, históricas ou até mesmo de vestuário; como no caso das tribos urbanas e dos vestidos vermelhos das handmaid’s.


“A culpa é deles. Eles nunca deveriam ter nos dado uniformes se não queriam que fôssemos um exército”

Para Durkheim, a sociedade é anterior ao sujeito, sendo a individualidade um conceito formado sócio-historicamente. Portanto, as aias formam um grupo porque estão inseridas em uma sociedade que as coagem à isso. Apesar do conceito de livre-arbítrio, as decisões das mulheres, como o próprio grupo em si, são criadas pela sociedade em que vivem.
As formas de reconhecimento são divididas em três: o amor, o direito e a solidariedade. O amor, no estudo da psicologia infantil de Winnicott, é o entendimento da diferença entre o sujeito e a subjetividade do outro. De acordo com Honneth, a luta por reconhecimento acontece quando suas formas são feridas em conflitos sociais. Em Handmaid’s Tale, o conflito social é a violação das mulheres que rompe com o conceito de amor, pois objetifica os seres quando desrespeita sua integridade física e psíquica.
Em síntese, muitos estudos filosóficos e sociológicos podem ser exemplificados na sociedade fictícia de Gilead. Aliás, esse é um dos porquês o livro de Margaret foi consagrado como um best-seller, pois, apesar de extremamente violento, o conto assemelha-se a realidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário