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sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Teoria do Reconhecimento e afinal de contas, quem sou eu?

Sou um ser social. Beleza. Meus dilemas que grito como meus e minhas opiniões que esbravejo como minhas vieram de algo maior que eu, a saber, a sociedade. Aceito. De onde vem minha identidade? Se o grito pelo “conhece-te a ti mesmo” é o grito da minha geração, onde acho o meu eu?

Eu mesmo me pergunto essas coisas a 3 anos.

A teoria do reconhecimento aponta para um grito pra fora. Os outros me forjam. Me visto como eles se vestem. Penso o que eles conversam. Aprendi a amar com os outros, demonstrar com os outros. O filosofo cristão C.S.Lewis (que escreveu  As crônicas de Narnia) já apontava pra essa falta de identidade própria.  Ele diz:

Na verdade, aquilo que chamo com tanto orgulho de "eu mesmo" é simplesmente o ponto de encontro de miríades de cadeias de acontecimentos que não foram iniciadas por mim e não poderão ser encerradas por mim. Os desejos que chamo de "meus" são meramente os desejos vomitados pelo meu organismo físico, incutidos em mim pelo pensamento de outros homens ou mesmo sugeridos a mim pelos demônios. Ovos, álcool e uma boa noite de sono: eis aí a verdadeira origem da minha decisão de beijar a moça sentada à minha frente na cabine do trem, decisão que, para fazer uma vênia a mim mesmo, considero pessoalíssima e maduramente refletida. A propaganda será a verdadeira origem de minhas idéias políticas, que considero próprias e específicas. Em meu estado natural, não sou tanto uma "pessoa" quanto gosto de pensar que sou: a maior parte daquilo que chamo de "eu" pode ser facilmente explicada por outros fatores. E só quando me volto para Cristo, quando me entrego à personalidade dele, que começo a ter uma verdadeira personalidade minha.  

 E responde...


Quanto mais tiramos do caminho aquilo que agora chamamos de "nós mesmos" e deixamos que ele tome conta de nós, tanto mais nos tornamos aquilo que realmente somos. Ele é tão grande que milhões e milhões de "pequenos Cristos", todos diferentes, não serão suficientes para expressá-lo plenamente. Foi ele que os fez a todos. Ele inventou — como um escritor inventa os personagens de um romance - todos os homens diferentes que vocês e eu devemos ser. Nesse sentido, nossos verdadeiros seres  estão todos nele, esperando por nós. De nada vale procurar "ser eu mesmo" sem ele. Quanto mais resisto a ele e tento viver sozinho, tanto mais me deixo dominar por minha hereditariedade, minha criação, meus desejos naturais e o meio em que vivo. (Cristianismo Puro e Simples)


 Mas eis o ponto diferente. Lewis aponta pra uma mudança de caráter e personalidade no encontro de um homem com Cristo. O cristão verdadeiro, para Lewis, é transformado de tal forma que sua forma de andar muda, seu olhar muda e seu sorriso também. Essas coisas, entretanto, não saem de fora pra dentro, mas de dentro pra fora. O que ocorre é um encontro do eu consigo mesmo quando cesso minha busca por identidade. 

Cristo não é apenas mais uma coisa que me molda de fora. Na verdade, ele descobre (sim, por que é como se retirasse o que “me cobre” ) e me revela. Cristo me aproxima de mim. Não uma versão social minha. Mas a versão eterna. Cristo me resgata de um cargo que na verdade não é meu, mas que engoli na caminhada.

Romanos 12:2 diz: “E não vos conformeis ao presente século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente para que proveis qual seja a boa, perfeita e agradável vontade de Deus.” Não ser como os outros a minha volta é o cerne da nova identidade, do “novo nascimento”. Não que sejamos ETs passeando por aí (como muitos cristãos pensam). Podemos consumir cultura e – pelo amor de Deus-  podemos fazer tatuagem! Mas o grito é para que eu me deixe ser desfigurada, perdendo as camadas que me prendem e se assemelham ao aqui e agora e vendo aparecer em mim uma nova pele, mais real.  Nas Crônicas de Nárna, vemos inclusive outro exemplo. Em um dos livros, um dos personagens é transformado em um dragão. Quando se encontra com Aslam, o Leão que na historia representa o próprio Cristo, não basta para ele apenas tentar lavar a pele para voltar a ser um menino. É necessário que Aslam finque as unhas na carne do dragão e arranque seu couro por completo. Afinal, ele é um garoto novamente e agora deve voltar a aprender como agir como um. Se fui forjada em Deus, é Nele que encontro minha real personalidade. Desse modo, minha individualidade é verdadeira e fica cada vez mais independente. Um cristão que se preocupa em demasia em se vestir como um cristão, falha, por exemplo, na sua genuinidade. Não é uma identificação com o grupo que deve guia-lo, roupas não devem lhe preocupar de maneira nenhuma a não ser em vestir-se com modéstia. Mas a modéstia se inicia primeiramente no coração e portanto, buscando a Deus é que sou capaz de me vestir como um cristão real e portanto, como eu mesmo.

Existia portanto, motivo para eu estar tão assustada? Fui aos poucos compreendendo e libertando-me das exigências inclusive de parecer cristã, para abraçar uma fé genuína que me levaria até quem eu realmente era. Em Cristo. E eterna. Ainda sou um ser social e me visto como uma estudante normal (ou quase) da UFV. Mas quem eu sou não é o cuspe da minha sociedade pós moderna sobre mim. Existe algo que vive por valores mais elevados e  que são sopros do Eterno. E eu gosto que seja assim. Talvez, sendo um pouco mais como Ele eu possa ser feliz e descansada por ser um pouco mais como eu. 



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