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segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Um monólogo sobre ética?

                                                                                                                   Viçosa, 19 de Agosto de 2019

Queridos leitores do Jornal de Filosofia (sinceramente, espero que só o Meucci),

       Escolhi o formato de carta para o desenvolvimento do tema, porque tentei escrever por vários dias seguidos e me perdi em inúmeras possibilidades que me fizeram questionar até que ponto a preguiça se tornou aquele medo horroroso de não trazer alguma coisa boa o suficiente para esse trabalho. Bom, espero merecer uma boa nota, mas tive a escolha ética de não me importar mais excessivamente e publicar alguma coisa antes que acabe meu prazo, então vamos começar.
      Acho que ficou claro que nos foi apresentada uma definição do conceito de ética, bem simples, tipo uma caixa para encaixar substantivos e ações, porém, como podemos considerar que decidimos nossas atitudes por nós mesmos se tudo o que somos é construção daquilo e do lugar onde vivemos? -Quando me imaginei escrevendo esse questionamento, pensei na Teoria da Tábula Rasa de John Locke, mas já fomos apresentados a visão de Hegel sobre o assunto, o que não cabe nesse primeiro texto- Estou tendo uma ação consciente ao escrever essa carta, mas não parece válida por não partir espontaneamente de mim, conseguem entender? Não se trata só de pontos, mas da busca por um reconhecimento que, no final das contas, não mudaria nada; isso é mesmo ético? Tal necessidade constante de aprovação de nossa conduta faz realmente com que nossos atos sejam legitimamente éticos? Sei que ainda temos liberdade de escolher, mas isso conta em vista das pressões familiar, social e religiosa sofridas constantemente? São perguntas que passaram pela minha mente durante a aula e nos dias que segui construindo essa narrativa na minha cabeça.
     Pensando em como contextualizar minha produção ordinária, refleti sobre autores que trazem diferentes visões sobre ética: Aristóteles associava o termo à felicidade, equilíbrio e fazer o bem, contibuindo para a construção da harmonia e da união na Pólis; Maquiável trouxe o pragmatismo consigo e nos apresentou uma definição voltada para a realização dos objetivos do indivíduo, ser ético é ser eficiente, criando uma moral social e uma moral política. Kant é responsável pela criação de um tipo de moral universal, do dever pelo dever, ou seja, em meio aos sacrifícios do homem pela sua evolução moral, ele passa a fazer o que é certo simplesmente por sentir que é certo. Existem, obviamente, vários outros filósofos e pontos de vista interessantes, mas a necessidade de apresentação desses é a demonstração dessa pluralidade, de como a subjetividade humana não pode ser observada só de um lado como um quadro simples, afinal somos prismas cheios de lados e refletimos acontecimentos de diferentes maneiras. Pode parecer absurdo, só que se pensarmos bem podemos perceber que, enquanto roubar é errado para nossa sociedade, se a pessoa conseguir cumprir seu objetivo de levar o objeto que deseja, está sendo ético para Maquiavel, nesse exemplo, em contexto isolado.
    No fim das contas, a aula me trouxe uma imagem mental da relação entre ética e moral, como se a ética fosse uma bagagem, cheia de tudo aquilo que carregamos a vida inteira e no caminho de construção do nosso ser, e a moral fosse a alça da mala, a parte que tem contato direto com o indivíduo que a segura e leva o resto de sua estrutura junto. A moral foi definida como a análise do indivíduo de seus próprios atos, o que também me faz recordar dos clássicos em relação a essa busca por entendimento da relação indivíduo- sociedade e indivíduo-indivíduo, o que faz sentido ao percebermos que nossos valores vêm atrelados à nossa compreensão do papel que assumimos no mundo, o que requer autoconhecimento. A ideia de uma ética ou moral estáticas parece absurda sob o olhar consciente do dinamismo da evolução psicossocial humana.
   Por fim, termino esta carta dizendo que não estou satisfeita e que esperava mais de mim mesma, todavia todos sabemos que isso é culpa exclusivamente minha de esperar mais de mim do que estou emocionalmente disposta a oferecer no momento, talvez isso seja ético. Agradeço a quem leu até o final, parabéns, foi uma perda de tempo, mas foi gentil. Ao Arthur Meucci, espero que seja uma análise satisfatória e dentro do exigido no plano de avaliações.
    Exausta,

     Ana Vitória Messias Oliveira - 99176.

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