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quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Liberdade e medo na ética cristã


O medo do juízo final e a verdadeira ética cristã

Um dos pontos sobre a ética verdadeira, que se constrói como ações de valores elevados, vindos de um espírito honrado, justo e sincero é a necessidade da liberdade para sua manifestação. Um ato só será ético se não for obrigatório, e o homem necessita da sua liberdade intrinsecamente. Caso não tenha essa liberdade, ao invés de agir com justiça por medo daquele que se impõe, nascerá no seu coração a barbárie e o espírito autodestrutivo, que em certo momento lutará pela anarquia. Quando pensamos na ética cristã, temos diante de nós uma confusão que precisa ser pensada e respondida, a saber, a ordem de Cristo para teme-Lo e ama-Lo. Levantam-se então dois pontos: a ética cristã, como apontada por Cristo, vem de um coração sincero e de forma voluntária, enquanto o mesmo Cristo não exclue o temor ao Seu Nome.

O que a Bíblia chama de temor

O temor para a Biblia, e o medo do juízo certamente não são conceitos  tão óbvios quanto pensamos. Nosso temor não nasce do medo da punição: nasce do profundo entendimento do caráter de Deus e mesmo os crentes que não temem mais a punição e possuem a certeza da vida eterna ao lado de seu amado Criador, devem exercê-lo o mais profundamente possível. Esse entendimento, porém, faz em nós nascer o medo da punição, não apenas por observar atributos como poder e soberania, mas também quando nos damos conta de sua bondade e beleza. Pois se Deus é bom e não nos aproximamos de Sua bondade em nossas ações, somos certamente dignos de punição e sua grande mão pesa sobre nós.  E é certamente impossível que os homens não temam em nível nenhum, por mais que cheguem próximos dessa condição, pois está escrito “Deus colocou a eternidade no coração dos homens.” (Eclesiastes 3). Posto isso, o medo da punição, em certo nível, vem do entendimento ético e busca, no coração dos homens, produzir ética. 
O final do sermão do monte nos apresenta uma visão interessante da visão de Cristo sobre a punição. Ele afirma “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos nós em Teu Nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos milagres?’ Então eu lhes direi claramente: Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês que praticam o mal!”  Eis uma fala interessante, pois Cristo lida com o medo de punição daqueles líderes religiosos que constantemente o interpelavam e com as ações inclusive miraculosas dos falsos profetas que seu povo conheceria, e que eram desprovidos de entendimento e amor verdadeiro pelo Reino de Deus. Ele não exclue a punição, mas a estabelece com um objetivo maior: é no entendimento do caráter divino que tememos a punição e se nos agarramos a Cristo como instrumento para nossa salvação, somos capazes de agir agora em boas ações por gratidão.

E a ética com isso?

Se para a Teoria da ação é necessário que para um agir ético não exista medo da punição, mas uma liberdade que revelará apenas o que é sincero, a religião verdadeira para Cristo exige uma sinceridade que perpassa pelo medo de punição mas que é enraizado no amor. Pois é somente pela ação do Espírito de Deus é que somos capazes dos mais nobres sentimentos e virtudes. A isso damos o nome, na teologia reformada, de depravação total.  O conceito se baseia na ideia de que todo o coração humano é incapaz de qualquer ação boa, justa e verdadeira, mas capaz de toda e qualquer perversidade¹, uma vez que “Ele vos deu vida, enquanto vocês estavam mortos em pecados e delitos e seguiam o curso deste mundo e faziam a vontade daquele que governa os poderes espirituais do espaço, o espírito que agora controla os que desobedecem a Deus.” (Efesios 2: 1,2) Em outras palavras, os pensamentos e ações que não contam com a graça de Cristo são governados pelas próprias forças do inferno.
Entretanto, aquilo que chamamos de coração poderá agir com as mais nobres intenções quando for liberto. A ética portanto esbarra em um novo conceito de liberdade, para a fé cristã: aquela liberdade que é dada e não intrínseca, imutável e não efêmera.  A verdadeira ética cristã portanto, é livre, mas submissa; voluntária e persuadida; dada de graça, mas visando a recompensa celeste. Exatamente como Cristo é ao mesmo tempo homem e Deus, a ética cristã, para ser verdadeiramente cristã, é construída necessitando do poder de Cristo para a gloria de Cristo.
É isso.


Kedma Julia 99174

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