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segunda-feira, 19 de agosto de 2019

O vazio da sociedade do "ter" | A busca do prestígio social analisada pela Teoria do Reconhecimento


Roberta Abreu (99208)




    Alexander de Almeida, empresário riquíssimo de São Paulo, ficou conhecido nacionalmente após essa matéria produzida pela Veja SP em 2013. O “rei do camarote”, como é conhecido, é real. Alexander dá dicas baseadas em seu dia a dia para que você se torne uma pessoa de prestígio perante todos da sociedade. Ter roupas de grife e carrões, frequentar espaços VIP’s e ter amigos famosos estão na lista de como alcançar o sucesso. Se você não as segue, você não tem valor.

    É muito importante refletir que embora o vídeo pareça engraçado - e até surreal, ele demonstra uma grande parcela da sociedade, que leva uma incansável vida onde a aparência prevalece em detrimento da essência. O empresário investe pesado em bens materiais com um propósito evidente: ser destaque por onde passar. As pessoas têm em si a necessidade de serem lembradas, desejadas e, claro, reconhecidas. Isso afirma a Teoria da Eticidade/Reconhecimento, a qual diz que todo homem é um ser histórico-cultural, com ações de natureza histórico-emocionais. O amor, o direito e a solidariedade são os pilares do reconhecimento humano e, quando feridos, levam o indivíduo ao sofrimento. Vivemos há séculos numa sociedade que rege nossos costumes, preferências, gostos, manias, inspirações… o produto final disso tudo é nossa identidade, também baseada no que nos é imposto diariamente. O mundo está repleto de “reis do camarote”, que deixam de lado até mesmo seus gostos particulares para aderir aquilo que vai ser bem visto socialmente. É possível analisar isso nitidamente em 1:45 quando Alexander diz: “Vou ser muito sincero, eu gosto mais de tomar vodca. Mas a champagne é um status. Existe toda uma preparação quando você pede, ela vem acompanhada de fogos… é uma coisa que chama atenção na balada.”

    Hoje, mais do que nunca, essa valorização da aparência toma conta das redes sociais, tal como o Instagram. Segundo uma pesquisa do Reino Unido, o Instagram foi considerado a pior rede social no que concerne seu impacto sobre a saúde mental dos jovens. Baseando-se no que é publicado, as pessoas criam visões ilusórias de vida perfeita, as montam em seus feeds e aguardam o prestígio social por meio das curtidas, comentários e seguidores. Entretanto, quando esse reconhecimento não chega, o indivíduo entra em conflito, sentindo-se à parte da sociedade e sua identidade entra em colapso. É claro que não se pode generalizar. Há quem use o espaço virtual de forma saudável, mas é inegável que esse ambiente, tal como o real, está repleto de fantoches. 

    Pode-se entender que nossos vínculos e nosso dinamismo social estão entrelaçados e tudo o que fazemos - TUDO - têm origem/consequência baseadas na construção de um significado. 


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