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quarta-feira, 14 de agosto de 2019

A Ética por trás de “The Good Place”




A série americana “The Good Place”, exibida pela NBC, por meio de uma trama humorística e divertida, pode ser um grande exemplo de como a ética se encaixa em situações adversas da vida de uma pessoa, levando-a a tomar decisões que sua mente muitas vezes não concorda, mas a pressão por agir perante a sociedade e a lei de modo supostamente “correto” ganha um maior significado.

O seriado começa com a divisão entre o “bem” e “mal”, isso porque a personagem principal da trama, Eleanor Shellstrop, após sua morte, é levada ao céu (que simboliza o protótipo do que é considerado certo). Porém, no decorrer da narrativa, ela percebe que houve um engano e teve seu destino trocado com o de outra pessoa, enxergando então, que na realidade deveria ter sido enviada para o inferno (simbolizando tudo que há de mais errado), devido aos atos que a mesma cometeu enquanto viva.

A questão é que essa descoberta se torna responsável por todas as decisões que Eleanor opta por tomar. Primeiramente, define que está disposta a mudar sua essência para continuar daquele lugar, mas nada se torna fácil, visto que para isso teria que abrir mão de tudo que costumava fazer e que fugia dos parâmetros impostos pela sociedade e pelas leis que regiam o local. A mulher tenta a todo tempo colocar em prática o exercício da moral, se questionando o que seria certo ou errado a se fazer. Também, a ética, quando se propôs a seguir o que todos os outros habitantes faziam.

A personagem, no entanto, se molda à maneira em que seu par romântico, Chidi Anagonye, que exercia o trabalho de professor de Ética antes de chegar ao paraíso, tenta a ensinar como ser uma pessoa melhor. Chidi consegue influenciar as atitudes de Eleanor, mas ela sempre põe em prática os ensinamentos com um pé atrás, demonstrando que na realidade a vontade dela não estaria voltada para aquilo. Um exemplo claro, acontece no episódio dois da primeira temporada, quando são sugeridas duas opções para os moradores do recinto: a primeira é voar, atividade que desperta um interesse da maioria, e a segunda, recolher o lixo da cidade. Chidi obviamente, para ajudar Eleanor, sugere que ela recolha o lixo do local, como forma de provar seu caráter bondoso, mas, somente depois de insistir diversas vezes que voar seria mais divertido, ela aceita a proposta. Ou seja, Eleanor em todos seus atos, na verdade foi coagida a isso, e embora pensasse estar exercendo o papel da ética, não estava.

2º episódio da primeira temporada de "The Good Place"


SPOILER

Na segunda temporada da série, Eleanor, Chidi e outros dois moradores do lugar, descobrem que foram enganados, e que o paraíso foi somente uma ilusão, enquanto estavam em um experimento de inferno psicológico, testado para substituição da tortura física.

A confusão, no entanto, gira em torno do porquê Chidi também estar nesse experimento, já que em toda sua vida provou ser bom, moral e totalmente ético. O ponto, é que nessa tentativa de ser um homem correto, acabou por magoar pessoas que lhe rodeavam, o que prova que às vezes é necessária uma análise maior do quanto essa ética pode ser sustentada e se junto com ela pessoas não se machucam ou são afetadas por um julgamento próximo.

Com base nisso, a conclusão que se pode chegar é que a ética enquanto conjunto de regras e valores que regem as pessoas, só pode ganhar a atenção que precisa quando o indivíduo está de acordo com o que é imposto, caso contrário, não passa de uma decisão tomada por impulso de querer se encaixar ou se adequar às normas existentes. Além disso, o excesso de “sabedoria” pode acarretar a mudança da essência de alguém, que pode se sentir sabotado pela própria mente. E, alterar a percepção de uma pessoa afirmando a sua, com certeza não é o exemplo de ética que você mesmo prega.

Isabelle de Oliveira - 99200

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