Olhos que Condenam: Como a opinião pública pode acabar com a sua vida

  Recentemente, a empresa americana e produtora de filmes e séries, Netflix resolveu apostar em um novo título  "Olhos que Condenam", baseado em fatos reais da vida de cinco estudantes e moradores do bairro Harlem na cidade de Nova York, que foram falsamente indiciados e presos por estupro de uma mulher no central Park em 1989.

Os cinco do Central Park/ Foto real.

Você deve estar se perguntando o porquê de tanta injustiça com esses cinco jovens, e nem eles entendem direito o motivo do falso acusamento. Na verdade, todo o caso foi construído ao redor da opinião pública, o motivo eu te conto agora.

Tudo aconteceu no dia 19 de abril de 1989, quando quatro dos cinco jovens estavam se divertindo no parque com outros adolescentes no mesmo momento que a mulher havia sido estuprada. Assim que o corpo dela foi encontrado desacordado na mata, a polícia imediatamente começou uma operação para encontrar o culpado, e foi ai que encontrou os quatro jovens que foram prontamente apreendidos. Mesmo sem ter estado no local, o quinto jovem acabou indo para delegacia apenas para acompanhar o amigo.

Vale ressaltar que todos os jovens são negros e/ou latinos e de baixa renda.

É na delegacia que eles são presos por estupro, tudo isso porque a Delegada resolve ignorar a conduta e passa por cima da lei e sem encontrar indícios e provas concretas, aprisiona os cinco meninos erroneamente até 2002(!!!!). Para isso, a delegada faz os jovens, de em média 16 anos, passarem por diversas pressões, ameaças e agressões - físicas e psicológicas por parte dos agentes policiais, para que admitissem o crime.

“- Por que nos tratam assim?

– De que outra maneira nos tratariam?

Frase retirada da minissérie

Tudo isso acontece a partir de uma opinião pública construída na época da escravidão e que segue até hoje, o racismo. Seguindo o princípios de Locke, a sociedade é uma reunião de grupos de indivíduos e opinião pública e a somatória dos pensamentos individuai, Dessa forma,a opinião foi construída por uma sociedade majoritariamente branca e de classe média a alta, que vêem afro-descendentes como pessoas de má intenção, indignos de bons olhares e do benefício da dúvida.

 Após o lançamento da séria, a promotora envolvida no caso foi duramente julgada nas redes sociais e até criaram uma hashtag #CancelLindaFairstein, e pediram o boicote de seus livros e sua remoção de posições proeminentes em diversas associações. Linda Fairstein dirigia a Divisão de Crimes Sexuais e atualmente virou um símbolo de como a justiça americana possui muitas falhas quando se trata de um indiciado negro. Mais uma vez a opinião pública atuou, dessa vez de forma coerente, cerceada por uma corrente em prol da justiça e da igualdade.

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Aline Fonseca
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