Quando falamos de verdade, pensamos logo em algo que é real,
mas o que de fato torna algo verdadeiro?
A verdade está ligada com o conhecimento, e você não a vê se
não está preparado. Busca-se o conhecimento para se ter sentido. Os jornalista,
por exemplo, ao darem uma notícia, estão produzindo um sentido da realidade.
Verdade é construir enunciados que possam ser checados.
O filme A Vila retrata o ano de 1897, onde um grupo de
pessoas vivem em um vilarejo calmo e isolado no meio de uma floresta. Essas
pessoas, porém, são constantemente alertadas pelos líderes do vilarejo a não se
aventurarem pelo bosque ao redor, pois lá se deparariam com a suposta presença
daqueles nomeados por ‘’aqueles de quem não falamos’’. Temendo ser a próxima
vítima dessa suposta criatura, ninguém, de fato, se arriscava a se afastar do
local, e estavam contente com essa realidade. Ninguém questionava ou arriscava
algo que fugisse do padrão. No decorrer do filme, porém, uma personagem chamada
Ivy decide atravessar a floresta em busca do vilarejo mais próximo para
conseguir remédio para seu companheiro, ferido justamente pelas criaturas da
floresta ao desobedecer às regras e sair do vilarejo. O gesto de Ivy é tido
como um grande ato de amor, coragem e até loucura, levando em conta que a
personagem era cega. Nos é revelado então, quando Ivy alcança a cidade, que o
vilarejo não passava de uma comunidade isolada que havia sido criada como uma
forma de escapar de uma realidade mais dura. As primeiras pessoas que aceitaram
se isolar no bosque e formar uma nova sociedade, eram pessoas que haviam vivido
alguma situação traumatizante envolvendo a violência. Haviam provado na pele a
maldade do mundo e não queriam que o mesmo acontecesse com seus descendentes; que, analisando o roteiro do filme, não
funciona, já que a violência acaba ocorrendo no vilarejo justamente por essa
omissão de que existiria uma cidade e toda uma civilização fora dali, e pela
invenção dessas ameaçadoras criaturas da floresta.
Se aplicarmos o conceito de verdade nessa narrativa,
percebemos que enquanto acreditavam que na vila estavam protegidas de um mal
maior, isso era o suficiente para as pessoas do vilarejo, a visão que elas
tinham do mundo era uma que se altera completamente quando descobrem que são
livres para ir e vir, já que não existe criatura nenhuma. Foram passados para
eles, um conceito que tomaram por verdade, mas que quando checados, perceberam
ser uma mentira, apesar das boas intenções dos líderes.
Ana Caroline De Souza, 99211
Ana Caroline De Souza, 99211
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