Nossa
certeza do progresso por meio da razão e do conhecimento compartilhado são em
ultima análise pensamentos que não vieram de nós. Por que lutamos então por
conceitos extremamente abstratos como “liberdade” e “igualdade”? O próprio
desejo de revolução é um pensamento que surge do iluminismo e esperar que as
coisas estejam “melhores” também. Não é por que algo é moderno que é bom e ser
inovador não significa ser valioso. Dificilmente observamos a base dos nossos
pensamentos e o que me fez acreditar no que acredito. Isso confirma a análise
do filósofo Francis Schaeffer de que somos em última análise, “seres litúrgicos”. Nos
movemos por fé. Em cada passo que damos
e se lutamos por desenvolvimento o fazemos por fé de que no mínimo isso serve
para alguma coisa. Liturgia tem sentido
de “culto”, ou seja, vivemos “cultuando” ou adorando alguma coisa. Não é pouco
pensar que o que pensamos ser o alvo da humanidade guiará cada um dos nossos
passos. Nos movemos pra isso, existimos dentro disso.
A filosofia
importa por que ela revela meus motivos também. De uma sociedade vertical, na Idade Média, que
olhava para cima e para além de si, passamos para uma sociedade de consumo,
mais arraigada aos valores terrenos impossível. Nos tornamos deuses de nós
mesmos e isso nos desnorteia. Se somos o fim de nossa existência não existe
exatamente um “para onde ir”. Isso é meio triste. Quando passamos para a mídia,
percebemos que ela faz parte desse bolo. Ela nasce de uma fé na gente. Nasce de
um inconformismo, um espírito revolucionário. Não é atoa que ela vez ou outra
crucifique ou coloque na guilhotina alguém.
Toda revolução mata e o progresso exige o sacrifício dos “bodes
expiatórios”.
O sacrifício
de Jesus se destoa nesse sentido. Não
nasce da vontade do progresso (no sentido de que não foi morto por que a sociedade esperava progredir com isso) . Não nasce na fé no futuro em si mesma, mas a
conversão nasce do desconsolo. A conversão é o ato de perder as esperanças em
si mesmo e em toda e qualquer coisa a nossa volta que possa nos segurar.
Agarra-se ao inteligível, e se alegra no invisível. Ela, porém, efetivamente
progride. Ela cria revoluções pessoais e sociais, mas não como fim em si mesmo.
Ela faz isso de espontânea vontade.
Kedma Julia 99174
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