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quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Opinião pública e fé no progresso



 “Em pleno 2019 e ainda estamos assim!”, “Sério que ainda temos esse tipo de problema?”, “Já deveríamos ter carros voadores e ainda enfrentamos esses problemas básicos!”. São comentários que ouvimos muito naturalmente e eventualmente falamos. Eles, porém, expressam uma espécie de “fé no progresso”, uma esperança eterna de que com o passar do tempo, as coisas correriam naturalmente em direção ao progresso (e que isso é algo bom). Ou pelo menos deveriam. Se não estiverem, é necessário que “façamos acontecer”.  “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.” É o lema que cantamos. Interessante é pensar que esses são todos lemas iluministas e não conseguimos nos enxergar sem eles. Foram construídos em nosso imaginário e juntos formam aquilo que chamamos de “cosmovisão”.

Nossa certeza do progresso por meio da razão e do conhecimento compartilhado são em ultima análise pensamentos que não vieram de nós. Por que lutamos então por conceitos extremamente abstratos como “liberdade” e “igualdade”? O próprio desejo de revolução é um pensamento que surge do iluminismo e esperar que as coisas estejam “melhores” também. Não é por que algo é moderno que é bom e ser inovador não significa ser valioso. Dificilmente observamos a base dos nossos pensamentos e o que me fez acreditar no que acredito. Isso confirma a análise do filósofo Francis Schaeffer de que somos em última análise, “seres litúrgicos”. Nos movemos por fé.  Em cada passo que damos e se lutamos por desenvolvimento o fazemos por fé de que no mínimo isso serve para alguma coisa.  Liturgia tem sentido de “culto”, ou seja, vivemos “cultuando” ou adorando alguma coisa. Não é pouco pensar que o que pensamos ser o alvo da humanidade guiará cada um dos nossos passos. Nos movemos pra isso, existimos dentro disso.

A filosofia importa por que ela revela meus motivos também.  De uma sociedade vertical, na Idade Média, que olhava para cima e para além de si, passamos para uma sociedade de consumo, mais arraigada aos valores terrenos impossível. Nos tornamos deuses de nós mesmos e isso nos desnorteia. Se somos o fim de nossa existência não existe exatamente um “para onde ir”. Isso é meio triste. Quando passamos para a mídia, percebemos que ela faz parte desse bolo. Ela nasce de uma fé na gente. Nasce de um inconformismo, um espírito revolucionário. Não é atoa que ela vez ou outra crucifique ou coloque na guilhotina alguém.  Toda revolução mata e o progresso exige o sacrifício dos “bodes expiatórios”.

O sacrifício de Jesus se destoa nesse sentido.  Não nasce da vontade do progresso (no sentido de que não foi morto por que a sociedade esperava progredir com isso) . Não nasce na fé no futuro em si mesma, mas a conversão nasce do desconsolo. A conversão é o ato de perder as esperanças em si mesmo e em toda e qualquer coisa a nossa volta que possa nos segurar. Agarra-se ao inteligível, e se alegra no invisível. Ela, porém, efetivamente progride. Ela cria revoluções pessoais e sociais, mas não como fim em si mesmo.  Ela faz isso de espontânea vontade. 



Kedma Julia 99174

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