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segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Fascismo, mídia e silêncio

                                                                                                                               Breno G. 89540


Contemporâneo da ascensão fascista na Europa em um período de auge das ideias positivistas, o escritor soviético, Georgi Dimitrov, em Aliança Operária contra o Fascismo, determina que o terror fascista não era um fenômeno isolado do Capitalismo, mas uma transfiguração da superestrutura do próprio modo de produção, sendo assim, uma “cara mais feia”. (Dimitrov, 1923)
A degeneração dos aparelhos de ideológicos burgueses é condicionada pela crise do capitalismo, sentindo a necessidade de enrijecer os aparatos ideológicos, sejam estatais ou privados, na busca do consenso pela violência. Logo, os valores da democracia burguesa são reduzidos a mais perversa ditadura em desfavor da classe trabalhadora. Em síntese, o capitalismo necessita da reprodução do modo de produção a qualquer custo, para tanto, abre mão da democracia burguesa.
Neste cenário, a mudança no discurso é efetiva. Segundo, Humberto Eco, três das características do fascismo são: obsessão pela segurança nacional, o medo do inimigo e o apelo às classes médias frustradas (ECO, 1995).
Neste sentido, estas leituras nos dão elementos para tentarmos entender a ascensão do discurso fascista de Jair Bolsonaro e sua rápida aceitação entre as classes médias, em meio a um cenário de crise econômica e política no país, num momento de falência da social democracia calcada na conciliação de classes dos governos petistas.
O discurso de violência contra imigrantes, minorias, intelectuais e a esquerda do país passa a ser absorvida rapidamente pelas massas e se torna hegemônica em diversas instituições. A dominação ideológica é o que determina que grupos reacionários, até então renegados, passem a ter voz e uma capacidade de consenso em seus meios, mesmo em ambientes onde o discurso hegemônico era antagônico.
Não se pode analisar este movimento sem levar em conta a importância das mídias sociais para o processo. Se durante os anos fascistas do século XX, Antônio Gramsci, em Cadernos do Cárcere, apontava o rádio como “o Partido impresso” e atribuía sua importância fundamental para a ascensão nazista, no século XX as redes sociais tem papel determinante na difusão da ideologia. Dessa forma, o discurso ganha grupos da sociedade e passa a ser reproduzido na busca do consenso, rompendo a espiral do silêncio.
Outro elemento importante para explicar a inversão da espiral do silêncio neste sentido é o papel dos líderes de opinião (Teoria do fluxo comunicacional em duas etapas) (Lazarsfeld), ou seja, aqueles indivíduos que possuem a capacidade de mudar a opinião de outros indivíduos do seu grupo no campo moral, político, econômico, etc. Quando estas lideranças se sentem contemplados e legitimados pelo discurso de ódio, passam a exercer influência sobre seus pares e legitimar também seus discursos. No caso do discurso de violência e exceção, até então renegado pelos valores da democracia burguesa, é moralizado.
     Sendo assim, no Brasil, o que presenciamos é a moralização do discurso fascista do governo Bolsonaro, que utiliza da sua posição para estimular a violência simbólica contra adversários e abusa das mídias sociais com a intenção de hegemonizar a comunicação. Sua influência estimula a apropriação do discurso para os grupos aos quais apela e faz ascender discursos que até então poderiam ser considerados ausentes de moral, quebrando a espiral do Silêncio para esses blocos e normalizar posições adversas a democracia burguesa.

#espiraldosilencio

     

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