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domingo, 1 de dezembro de 2019

Sobre o bem maior do mundo


Jorge Amado, sempre com seus romances regionalistas e característicos, nos mostra como a liberdade é o bem mais precioso dos homens. Em “A morte e a morte de Quincas Berro D’agua”, o personagem principal, um morto, teria vivido sua última aventura, mesmo que morto, na liberdade das ruas da Bahia com seus amigos contrariando os desejos da família. Nesse livro, Jorge nos mostra como alguém pode ser feliz mesmo que abandonando uma vida de luxos pelas incertezas das ruas das cidades da Bahia. Quincas, antigo Joaquim Soares da Cunha, deixa sua família e casa em troca de viver uma vida simples e regada à cachaça com outros beberrões da cidade. Amado destaca como Quincas Berro D’agua vive uma vida mais feliz que Joaquim Soares da Cunha, mesmo que o único bem que possua seja sua liberdade.

Outro livro que Jorge Amado deixa clara a importância da liberdade e de se lutar por ela é “Capitães de Areia”. Nele, os pobres meninos órfãos que moram em um trapiche e roubam para se sustentar já valorizam mais a liberdade do que qualquer outra coisa no mundo. O livro mostra a busca dos doqueiros por mais direitos e sua luta, narrando também acontecimentos como a prisão de crianças no reformatório e reafirmando essa busca incessante por liberdade. Em um de seus trechos, o chefe dos capitães de areia ouve os presos cantando uma moda triste, que fala sobre liberdade. O livro narra “Lembrava-se da canção que os presos cantavam na madrugada que nascia. Dizia que a liberdade é o bem maior do mundo. Que nas ruas havia sol e luz e nas células havia uma eterna escuridão porque ali a liberdade era desconhecida. Liberdade. João de Adão, que estava nas ruas, sob o sol, falava nela também. Dizia que não era só por salários que fizera aquelas greves nas docas e faria outras. Era pela liberdade que os doqueiros tinham pouca. [...] Lá fora é a liberdade e o sol. A cadeia, os presos na cadeia, a surra ensinaram a Pedro Bala que a liberdade é o bem maior do mundo. Agora sabe que não foi apenas para que sua história fosse contada no cais, no mercado, na Porta do Mar, que seu pai morrera pela liberdade. A liberdade é como o sol. É o bem maior do mundo.”.

Alanna Fontes
99184

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