Em 1979, Chico Buarque adentra a mente feminina e reflete
sobre moral e ética em sua música “Geni e o Zepelim”. Nela, Chico conta a
história de Geni, mulher que é julgada em sua cidade por se deitar com as pessoas
que se deita. Na música, lê-se “O seu corpo é dos errantes / Dos cegos, dos
retirantes / É de quem não tem mais nada”, ou seja, Geni é questionada por se
deitar com homens quaisquer. Ainda em outro trecho diz “Joga pedra na Geni!
/ Ela é feita pra apanhar! / Ela é boa de cuspir! / Ela dá pra qualquer um! / Maldita
Geni!”, assim, segundo a sociedade, Geni deveria sofrer consequências por
seus atos, que eram julgados absurdos.
Porém, depois de algum tempo, chega na cidade um zepelim
(balão dirigível) disposto a acabar com o lugar caso Geni não dormisse com seu
comandante, um homem nobre, temido e poderoso. O forasteiro fora totalmente
conquistado. Mas Geni não o queria, a música diz “Acontece que a donzela / (E
isso era segredo dela) / Também tinha seus caprichos / E ao deitar com homem
tão nobre / Tão cheirando a brilho e a cobre / Preferia amar com os bichos”,
mas os moradores da cidade imploram para que a bela donzela deite com o guerreiro.
Mesmo contra sua vontade, Geni se deita com o homem, deixa-o se aproveitar de
seu corpo a noite inteira mesmo que não o quisesse, o vê indo embora aliviada e
acredita que fez o bem para todos. Porém, a cidade logo volta a cantar ““Joga
pedra na Geni! / Ela é feita pra apanhar! / Ela é boa de cuspir! / Ela dá pra
qualquer um! / Maldita Geni!”.
Geni tem sua moral e ética julgados por se deitar com homens quaisquer.
Geni se deita com um bravo comandante por pedidos da cidade. Geni acredita que agora
sim terá seu descanso. Geni permanece Geni. Geni será sempre Geni.
Alanna Fontes
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