O ensaio “Filosofia da Caixa Preta” de Vilém Flusser reflete sobre a semiótica da fotografia, a relação entre fotógrafo, objeto e representação. O livro foi escrito em 1980 e retrata a câmera fotográfica como uma caixa preta, e a fotografia como o resultado.
Para Flusser, a fotografia não permite ver a condição cultural, mas apenas a condição do aparelho. Por exemplo, o Prêmio Pulitzer de fotografia é dado anualmente para aqueles que, segundo os conceitos dos jurados, tiveram um grande resultado no fotojornalismo. Tal premiação visava fotos com temas humanitários, como a Guerra do Vietnã em 1965; entretanto, para Flusser a fotografia é vazia de valores.
“Tal imagem técnica deveria ser simultaneamente conhecimento, vivência (beleza) e modelo de comportamento (bondade). Na verdade, porém, a revolução das imagens técnicas tomou um rumo diferente: não tornam visível o conhecimento científico, mas o falseiam; não reproduzem as imagens originais, mas as substituem. (...) Nesse sentido as imagens técnicas passam a ser falsas”
O pensamento do filósofo, portanto, evidencia a falta de sentido na fotografia. Ao ser criada a ideia da fotografia era capturar momentos e eterniza-los, porém, na contemporaneidade percebemos que a magia da questão esvaiu-se. As representações imagéticas substituíram os objetos reais, esvaziando seu sentido. O ensaio do autor já visa o futuro, uma futura filosofia da fotografia. Com o passar do tempo, percebeu-se que o ser humano se importava cada vez menos com o resultado final (a foto) e o que ela representa, e o foco das atenções estava na técnica do objeto: a câmera.
Em suma, na década de 80 Flusser previu uma mudança de comportamento social e como lidamos com o avanço tecnológico na área da fotografia.
Laís C. F. Fidélis - 99180
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