É comum pensarmos que a ciência é um tipo de conhecimento que foi verificado. Pensamos no cientista como uma figura que busca, através de uma série de experimentos, provar que sua teoria é verdadeira. Uma boa teoria, nesse sentido, é aquela sob a qual não resta qualquer dúvida de que seja verdadeira. Assim, o que distingue a medicina científica da pseudomedicina, por exemplo, é que a primeira foi capaz de mostrar que seus procedimentos terapêuticos curam de fato; a segunda, não.
Ao contrário de verificar teorias, a ciência, na verdade, procura falsificar as teorias que propõe. O cientista é aquele que propõe hipóteses e as testa para saber se são falsas.
Um exemplo disso pode ser visto com a teoria da evolução de Darwin. Essa afirma que as espécies evoluem ao longo do tempo como resultado de mudanças genéticas e competição pela sobrevivência e reprodução. Umas das previsões feitas a partir dessa teoria é de que em rochas pré-cambrianas seria possível encontrar vestígios de organismos mais simples do que em rochas cambrianas. Afinal, se os seres vivos evoluem ao longo do tempo, com o passar desse vão se tornando cada vez mais complexos.
Isso é exatamente o que os biólogos descobriram em 1947 nas rochas pré-cambrianas na Austrália. Portanto, a teoria de Darwin resistiu a uma tentativa de falsificação. Isso não prova que ela é verdadeira. Ao contrário, o que se sabe é que, até o momento, não foi falsificada. O fato de resistir a esse tipo de teste revela que é uma teoria que merece ser explorada mais a fundo, ser submetida a novos experimentos, mas em nenhum caso que é verdadeira.
O cientista é, assim, visto como uma pessoa que faz uma conjectura, apresenta uma hipótese, e tenta refutá-la, ou seja, mostrar que essa hipótese é falsa. Por isso a teoria de Popper é conhecida como falsificacionismo. Na atividade científica, a verificação deixa de existir e dá lugar à falsificação.
ICARO RAFAEL MATTA PEREIRA
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