Filósofos amam odiar Ayn Rand. É tendência zombar de qualquer menção a ela. Um filósofo me disse que “ninguém precisa ser exposto àquele monstro”. Para muitos, ela nem chega a ser uma filósofa e não deveria ser levada a sério. O problema é que pessoas estão levando ela a sério. Em alguns casos, muito a sério. Escritora que nasceu na Rússia e se mudou para os Estados Unidos em 1926, Rand promoveu uma filosofia do egoísmo que chamou de “objetivismo”. Sua filosofia, conforme escreveu no romance “A revolta de Atlas” (1957), é “o conceito do homem como ser heroico, com sua própria felicidade como o propósito moral de sua vida, sua realização produtiva como sua atividade mais nobre, e a razão como seu único absoluto”.
É fácil criticar as ideias de Rand. Elas são tão extremistas que, para muitos, soam como paródia. Por exemplo, Rand culpa as vítimas: se alguém não tem dinheiro ou poder, é sua própria culpa. Howard Roark, o “herói” de “A nascente”, estupra a heroína Dominique Francon. Um par de conversas sem jeito sobre consertar uma lareira é, de acordo com Rand, o equivalente a Francon ter enviado a Roark “um convite oficial” para que ele a estuprasse. O encontro é claramente não-consensual – Francon genuinamente resiste e Roark indiscutivelmente vai contra sua vontade – e mesmo assim Rand dá a entender que pessoas que foram estupradas, e não os estupradores, são os responsáveis. O poder está com a razão e, como Roark declara no início do romance, a questão não é quem vai deixá-lo fazer o que quiser: “A questão é, quem vai me impedir?” A defesa de Rand do egoísmo e sua insensibilidade com relação aos desafortunados encontra eco na política contemporânea. Não seria forçado dizer que sua filosofia encorajou alguns políticos a ignorarem e culparem os pobres e impotentes por sua condição.
É fácil criticar as ideias de Rand. Elas são tão extremistas que, para muitos, soam como paródia. Por exemplo, Rand culpa as vítimas: se alguém não tem dinheiro ou poder, é sua própria culpa. Howard Roark, o “herói” de “A nascente”, estupra a heroína Dominique Francon. Um par de conversas sem jeito sobre consertar uma lareira é, de acordo com Rand, o equivalente a Francon ter enviado a Roark “um convite oficial” para que ele a estuprasse. O encontro é claramente não-consensual – Francon genuinamente resiste e Roark indiscutivelmente vai contra sua vontade – e mesmo assim Rand dá a entender que pessoas que foram estupradas, e não os estupradores, são os responsáveis. O poder está com a razão e, como Roark declara no início do romance, a questão não é quem vai deixá-lo fazer o que quiser: “A questão é, quem vai me impedir?” A defesa de Rand do egoísmo e sua insensibilidade com relação aos desafortunados encontra eco na política contemporânea. Não seria forçado dizer que sua filosofia encorajou alguns políticos a ignorarem e culparem os pobres e impotentes por sua condição.
ICARO RAFAEL MATTA PEREIRA
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