por: Júlia Ennes - 99193
Sem dúvidas essa atmosfera criada desde 2013 até o presente, formada por antipolítica, antipetismo, escândalos de corrupção, além de uma articulação forte da direita conservadora, criaram o ambiente ideal para que o candidato Jair Bolsonaro pudesse se apropriar das pautas mais polêmicas da agenda pública. Essa imagem crescente de Bolsonaro como o Messias que salvaria a política brasileira e o país de se tornar uma Venezuela, pode ser explicada por um conceito chamado Espiral do Silêncio.
Segundo essa teoria, os agentes sociais captam o clima de opinião e escolhem compartilhar ou não as suas próprias. As pessoas querem ser bem vistas em seus grupos de referência e medo do isolamento faz com que os agentes sociais que compartilham opinião minoritária tendam ao silêncio, ou pelo menos adaptem seus discursos ao discurso que predomina. Sendo assim, durante algum tempo uma grande parcela da população se manteve em silêncio porque proferir manifestações racistas, homofóbicas e misóginas só não era mais cool, como também duramente repreendido.
Foi necessário que um líder de opinião surgisse, e resgatasse o direito de todos de serem preconceituosos. Segundo Katz e Lazarsfeld, esse líder de opinião se configura por uma pessoa ou grupo de pessoas que consegue alinhar opiniões, ou seja, influenciar a opinião de outras pessoas, mesmo que através de uma manifestação dissonante. Desta forma, a manifestação dissonante que antes tenderia ao silêncio, ganha força com o coletivo.
Sendo assim, a tão oprimida classe média branca conservadora, que teve durante anos seus sorvetes roubados por minorias (através de cotas de acesso a universidade, leis trabalhistas e movimentos sociais) encontraram na figura de Jair Bolsonaro um líder de opinião - por mais contraditório que fosse - e na impessoalidade do mundo online o ambiente ideal para fazer campanha e finalmente reconquistar sua posição de classe dominante.
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