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quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Transmissão cultural entre pai e filho

O movimento imigratório existe desde que os homens se organizaram em grupos e, mais tarde, em sociedade. Desse modo, a alternativa da imigração faz parte da construção de um grupo social.
Atualmente, a sociedade ocidental se depara com uma pluralidade cultural cada vez mais forte. O fenômeno migratório e as suas consequências são descritos pela sociologia e pela antropologia, tornando-se tema incontornável nos estudos e nas pesquisas na área da psicologia clínica, cada vez mais submersa na problemática da população de origem multicultural.

A interação entre sujeito e cultura contribui para a construção da personalidade; neste sentido, a personalidade é influenciada pelo meio sociocultural no qual o sujeito evolui, pois esta se configura no resultado das trocas entre o mundo coletivo e o universo particular de cada um.
As pessoas que não viveram um deslocamento migratório experimentam a família, a escola e as diversas instituições socioculturais de seu próprio país como lugares de transmissão e de preservação das tradições. Contudo, para os imigrantes e seus descendentes, a família passa a ser, no melhor dos casos, a unidade representativa das particularidades sociais e das tradições do país de origem, além de único espaço de transmissão cultural.

Em geral, um movimento circular de alimentação e de retroalimentação se produz naturalmente entre o sistema familiar e o sistema sociocultural. Todavia, para as famílias imigrantes, os mitos, os rituais, as regras e normas que encontram fora da pátria não são necessariamente as mesmas que as do país de adoção.

Assim, não existe reforço dos comportamentos familiares por parte da sociedade de adoção, que pode comunicar mensagens diversas, inclusive contraditórias, aos sujeitos em relação àquelas enviadas pela família, provocando a fragilização e o desequilíbrio do sistema, o que pode ser nefasto para os filhos de imigrantes, para seus pais e para a relação entre eles. A espiral de contradições entre a cultura do país de origem e a do país de adoção obriga a família a construir uma série de estratégias de adaptação que serve para reduzir tensões, além de moderar os conflitos e a desorganização provocados pelas diferenças culturais; poderíamos considerar tais estratégias como mecanismos de defesa contra a assimilação.

Neste sentido, a compreensão da maneira como cada membro do sistema familiar vai assumir seu papel e suas funções com relação à história da imigração, o modo de interação possível entre pais imigrantes e filhos nascidos no país de adoção, parece-nos indispensável na análise do fenômeno migratório e do impacto deste evento na construção identitária do sujeito que realiza a viagem em direção a um país de adoção, tal como na de seus descendentes.

ICARO RAFAEL MATTA PEREIRA

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