O filme retrata a época do descobrimento e das grandes navegações européias. As civilizações que se consideravam mais evoluídas por terem desenvolvido certas ferramentas, como as armas de fogo,desbravaram terras a procura de ouro e novas colônias. Na animação, Pocahontas é uma ameríndia que vive com sua tribo em harmonia com a natureza; por ser filha do líder político e religioso de seu povo, ela deve cumprir funções dentro de sua sociedade. O dilema do filme começa quando Pocahontas conhece John Smith, um homem europeu que desbrava aquelas terras, e apaixona-se.
A narrativa ficcional retrata bem a questão da dialética do esclarecimento, pois John Smith e seus companheiros prometem trazer a civilização para aquele povo, e com ela trazem também a barbárie. O pensamento de Adorno prevê isso quando retrata a barbárie como parte integrante da civilização, e não um elemento oposto.
“O paradoxo da fé acaba por degenerar no embuste, no mito do século vinte, enquanto sua irracionalidade degenera na cerimónia organizada racionalmente sob o controle dos integralmente esclarecidos e que, no entanto, dirigem a sociedade em direção à barbárie.”
Adorno aborda temas que refletem sobre arte e estética em seu livro Teoria Estética, ano de 1969, discorrendo filosoficamente. O autor utiliza-se do pensamento de outros filósofos para construir sua tese, como Kant. Em Indústria cultural: o esclarecimento como mistificação das massas, Adorno e Horkheimer apontam que a arte destinada ao entretenimento existiu sempre como uma sombra da arte autônoma, excluindo a participação das massas.
No filme Pocahontas podemos observar também um exemplo desse pensamento voltado para a estética, pois a animação tem como público alvo crianças e o objetivo é o entretenimento. Apesar de trazer uma discussão social sobre as colonizações, o produto audiovisual teve apenas a visão eurocêntrica e excluiu a participação das massas.
Laís C. F. Fidélis - 99180
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