Os freelancers e o cansaço

O livro escrito por Byung-Chul Han, A Sociedade do Cansaço, foi publicado pela primeira vez no ano de 2010, em Berlim. Han apresenta e reflete sobre três tipos de sociedade dos último séculos. O primeiro modelo de sociedade é a Disciplinar, estudada anteriormente por Michel Foucault no século XX. Já no século seguinte, temos outro modelo de sociedade com diferentes questões e costumes, a Sociedade do Desempenho que caracteriza os mundo capitalista contemporâneo.

A Sociedade Disciplinar é marcada pela negatividade de pensamento e pela rigidez das burocracias, desumanizando relações e impondo de forma violenta certos tipos de comportamento. A música “Another brick in the wall” da banda Pinky Floyd exemplifica o sentimento da época, o controle social era marcado pela rigidez de como as pessoas deveriam se comportar. É uma sociedade de normas e controles em que instituições são moldadas para formar uma conduta padrão, como na música a escola tem esse papel.

A Sociedade do Desempenho, entretanto, é marcada pela positividade e pela liberdade. Depois do anos de controle e rigidez da sociedade disciplinar, ideais de liberdade começaram a ascender, criando na sociedade o sentimento de poder atender às próprias vontades. Contudo, o forte pensamento capitalista - que caracteriza o mundo atual, influenciou esse pensamento de liberdade: o novo modelo a competitividade de mercado criou nos cidadãos a necessidade atender as exigências do capitalismo. Agora a positividade exacerbada acompanha uma ansiedade por realizar os grandes sonhos do mundo moderno, o sucesso econômico.




Tal problemática pode ser exemplificada no modelo de trabalho freelancer. Antes na sociedade disciplinar as indústrias e empresas marcavam o espaço de poder e dominância, logo o sentimento de livrar-se dessa opressão crescia. Ser seu próprio chefe é um dos desejos da vida moderna, poder trabalhar quando desejar, sem cobranças externas e gerenciar o próprio tempo. Parece o plano ideal para aqueles que sentiam-se escravizados pelo modo de produção industrial, certo?

Todavia, quando o cidadão aderiu a esse estilo de vida tornou-se escravo de si mesmo e pelas cobranças irreais do mundo.

No inconsciente social, tem-se a necessidade de maximizar a produção e desempenhar o papel do sucesso. Na Sociedade do Desempenho, não buscamos por inteligência emocional, rejeitando sentimento negativos e o resultado é uma vida vazia de sentido. Portanto, a doença do século é a depressão.

Em suma, a rigidez da sociedade disciplinar seguida pela necessidade irreal da sociedade do desempenho pode culminar, futuramente, no terceiro modelo de sociedade: A Sociedade do Cansaço.

Laís C. F. Fidélis - 99180