Grande parte da humanidade sabe
perfeitamente apertar botões e realizar enquadramentos, mas isto não
transforma ninguém em bom leitor de imagens fotográficas. O ato de
fotografar não é como o ato de escrever, que nos obriga a também saber
ler. A compreensão do real estatuto da fotografia revela-se de fato difícil
para o observador ingênuo, incapaz de reconhecer que imagens
fotográficas são conceitos transcodificados que apenas pretendem ser
“impressões automáticas” do mundo.
A primeira abordagem equipara a fotografia ao desenho e ao desenho realista, isto é, a uma reprodução mimética do real – um “espelho” do mundo ou um ícone no sentido de Peirce.
A segunda abordagem epistemológica denuncia essa suposta faculdade da imagem fotográfica de se fazer “cópia exata” do real, pois para ela toda imagem já é uma interpretação ou transformação do real, quer dizer, uma formação cultural, ideológica e codificada. A fotografia nada mais seria que um conjunto de códigos ou um símbolo nos termos peircianos, o que veda qualquer ilusionismo ou pretensão de neutralidade à imagem fotográfica: esta não “representa” o real empírico simplesmente porque o real não existe fora dos discursos (ou das imagens) que tratam dele.
Por fim, a terceira abordagem marca um retorno ao referente conquanto livre do ilusionismo mimético da primeira abordagem. É a tese defendida pelo próprio Dubois (2000), além de Roland Barthes (1984), Rosalind Kraus (2010) e outros. Ela afirma que a imagem fotográfica é inseparável de sua experiência referencial ou do ato que a funda: a fotografia é em primeiro lugar índice, só então podendo tornar-se “parecida” (ícone) e adquirir um “sentido” (símbolo). Há uma conexão física incontornável entre a imagem fotográfica e o referente que ela denota. Por ser uma impressão, a fotografia remete a um único referente determinado: aquele que a causou física e quimicamente, o objeto real que “estava ali” em um determinado momento de tempo. (DUBOIS, 2000, p.43-52). Barthes (1984) nomeia isto “noema do isto foi”.
A fotografia não modifica nem interfere nos processos concretos do mundo por ser apenas a revelação particular de uma das inúmeras potencialidades conceitualmente inscritas no programa do aparelho.
A primeira abordagem equipara a fotografia ao desenho e ao desenho realista, isto é, a uma reprodução mimética do real – um “espelho” do mundo ou um ícone no sentido de Peirce.
A segunda abordagem epistemológica denuncia essa suposta faculdade da imagem fotográfica de se fazer “cópia exata” do real, pois para ela toda imagem já é uma interpretação ou transformação do real, quer dizer, uma formação cultural, ideológica e codificada. A fotografia nada mais seria que um conjunto de códigos ou um símbolo nos termos peircianos, o que veda qualquer ilusionismo ou pretensão de neutralidade à imagem fotográfica: esta não “representa” o real empírico simplesmente porque o real não existe fora dos discursos (ou das imagens) que tratam dele.
Por fim, a terceira abordagem marca um retorno ao referente conquanto livre do ilusionismo mimético da primeira abordagem. É a tese defendida pelo próprio Dubois (2000), além de Roland Barthes (1984), Rosalind Kraus (2010) e outros. Ela afirma que a imagem fotográfica é inseparável de sua experiência referencial ou do ato que a funda: a fotografia é em primeiro lugar índice, só então podendo tornar-se “parecida” (ícone) e adquirir um “sentido” (símbolo). Há uma conexão física incontornável entre a imagem fotográfica e o referente que ela denota. Por ser uma impressão, a fotografia remete a um único referente determinado: aquele que a causou física e quimicamente, o objeto real que “estava ali” em um determinado momento de tempo. (DUBOIS, 2000, p.43-52). Barthes (1984) nomeia isto “noema do isto foi”.
A fotografia não modifica nem interfere nos processos concretos do mundo por ser apenas a revelação particular de uma das inúmeras potencialidades conceitualmente inscritas no programa do aparelho.
ICARO RAFAEL MATTA PEREIRA
99192
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