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quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Diferença de Hegel

Alguns filósofos trataram da identidade lógica, como, por exemplo, Aristóteles, Parmênides, Heráclito. Mas Hegel, talvez de todos que trataram desse tema, foi o que abordou a identidade de modo mais distinto. Hegel foi um grande leitor das obras de Aristóteles e nisso pôde observar que o conceito de identidade cunhado por Aristóteles não era suficiente. A partir disso ele elaborou esse conceito como relação consigo mesmo, relação de negatividade do seu ser. Esse texto pretende explicar de forma breve e clara o conceito de identidade para Hegel a partir da obra Ciência da Lógica, mostrando alguns contrapontos entre Hegel e Aristóteles.
Segundo Hegel, a essência é a imediação superada. Mas por quê? Porque a relação com o outro ser desapareceu, ela não há mais, e, dessa forma, há somente uma relação consigo mesma, uma relação de negação. O seu ser se nega e a partir dessa negação ele se “identifica”. Usando uma analogia, é como se alguém se olhasse num espelho e lá se enxergasse e, a partir disso, houvesse a negação de si. Mas essa negação do seu próprio ser remete à sua identidade. É uma relação apenas consigo mesmo, sem a necessidade de outro ser. Dessa forma a essência é a identidade consigo mesma. Não é uma igualdade que parte de outro ser, mas a reconstituição surgida de si e em si mesma. Hegel chama isso de identidade essencial, diferentemente de uma igualdade abstrata, que é uma igualdade que se faz por meio de um negar relativo a outro ser e no fim das contas só há uma espécie de comparação entre os dois seres. A identidade essencial se dá no âmbito do próprio ser como negação de si. Hegel não determina as coisas dizendo o que elas são, mas sim dizendo o que elas não são, ou seja, negando-as.
Em Aristóteles há uma reflexão extrínseca, conhece-se apenas a identidade abstrata, tal como falamos há pouco. A identidade em Hegel não precisa buscar o não-ser em outro objeto, se busca em si mesmo. O princípio A = A nada mais é do que uma tautologia sem conteúdo que não nos leva mais adiante. Afirmar que a identidade não é a diferença é afirmar automaticamente que a identidade é diferente da diferença e, desse modo, é afirmar que a identidade é algo diferente e quando se tenta definir a natureza da identidade acaba-se definindo-se como se sua natureza fosse em ser diferente.
A identidade tal como Hegel entende pode ser buscada no princípio de contradição: A não pode ser ao mesmo tempo A e não-A. O não-A se faz ver para em seguida desaparecer e a identidade está expressada nessa proposição, como negação da negação. A e não- A são diferentes, diferenças essas que são referidas ao mesmo A, disso resulta a essência, logo, a identidade.

ICARO RAFAEL MATTA PEREIRA
99192

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