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quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

A língua como mecanismo de poder

Segundo estudiosos da área linguística a língua é uma entidade social em constante transformação por nós que a inventamos e reinventamos todos os dias. Uma das principais manifestações da nossa brasilidade, formada por inúmeros sotaques e expressões. Contudo, a língua também é utilizada como um instrumento de opressão e fonte de preconceito pelas elites, que não aceitam as variedades linguísticas e regionalismos das classes mais baixas, que fogem da norma culta e são consideradas “erradas”. É o que podemos caracterizar como “preconceito linguístico”.

Primeiro precisamos entender a definição de preconceito linguístico. Esse termo é utilizado para caracterizar a discriminação existente entre os falantes de um mesmo idioma, onde não há o respeito pelas variações linguísticas, como sotaques, regionalismos, dialetos, gírias e demais diferenças da fala de determinado grupo.

Em relação ao Brasil, que se formou a partir de um processo colonial, a elite brasileira sempre importou seus modelos culturais, e faz isso até hoje. No caso da língua, mesmo após a independência e as tentativas dos intelectuais românticos de valorizar os usos propriamente brasileiros do português, o modelo que acabou vencendo foi mesmo o do português europeu escrito literário. Então mesmo após essas tentativas aquilo que era valorizado não era o português brasileiro por ser algo popular e tudo aquilo que é do popular é meio que desvalorizado e inferiorizado em relação as práticas cultas. Existe uma forte tendência de rejeição em relação a cultura do povo, nossas camadas dominantes sempre tiveram com relação ao que é propriamente nosso, o reconhecimento do português brasileiro como uma língua autônoma e diferente do europeu até hoje encontra forte resistência.

O padrão Globo ajuda a difundir o preconceito, mas é claro que ele já existia desde sempre, como acontece em todos os lugares do mundo: a língua do poder central, e a língua de quem detém a riqueza é sempre considerada a boa e a bonita, enquanto todo o resto é jogado na lata de lixo do “erro” por se tratar de uma desvalorização daquilo que é popular. Dessa forma a linguagem é utilizada como forma de dominação e demonstração de poder.

Iasmim Lamounier
ES99209




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