Segundo estudiosos da área linguística a língua é uma entidade social em constante transformação por nós que a
inventamos e reinventamos todos os dias. Uma das principais
manifestações da nossa brasilidade, formada por inúmeros sotaques e
expressões. Contudo, a língua também é utilizada como um instrumento de opressão e
fonte de preconceito pelas elites, que não aceitam as variedades
linguísticas e regionalismos das classes mais baixas, que fogem da norma
culta e são consideradas “erradas”. É o que podemos caracterizar como “preconceito
linguístico”.
Primeiro precisamos entender a definição de preconceito linguístico. Esse termo é utilizado para caracterizar a discriminação existente entre os falantes de um mesmo idioma,
onde não há o respeito pelas variações linguísticas, como sotaques,
regionalismos, dialetos, gírias e demais diferenças da fala de
determinado grupo.
Em relação ao Brasil, que se formou a partir de um processo colonial, a elite brasileira sempre importou seus modelos culturais, e faz isso até hoje. No caso da língua, mesmo após a independência e as tentativas dos
intelectuais românticos de valorizar os usos propriamente brasileiros do
português, o modelo que acabou vencendo foi mesmo o do português
europeu escrito literário. Então mesmo após essas tentativas aquilo que era valorizado não era o português brasileiro por ser algo popular e tudo aquilo que é do popular é meio que desvalorizado e inferiorizado em relação as práticas cultas. Existe uma forte tendência de rejeição em relação a cultura do povo, nossas camadas dominantes sempre tiveram com relação
ao que é propriamente nosso, o reconhecimento do português brasileiro
como uma língua autônoma e diferente do europeu até hoje encontra forte
resistência.
O padrão Globo ajuda a difundir o preconceito, mas é claro que ele já
existia desde sempre, como acontece em todos os lugares do mundo: a
língua do poder central, e a língua de quem detém a riqueza é sempre
considerada a boa e a bonita, enquanto todo o resto é jogado na lata de
lixo do “erro” por se tratar de uma desvalorização daquilo que é popular. Dessa forma a linguagem é utilizada como forma de dominação e demonstração de poder.
Iasmim Lamounier
ES99209
O Jornal de Filosofia da Comunicação é um espaço de produção de conhecimento crítico e filosófico de estudantes do Curso de Comunicação da Universidade Federal de Viçosa. As postagens - notícias, colunas, opiniões e resenhas - são produções inspiradas nas aulas de Filosofia da Comunicação (EDU 124. Os textos e imagens são de responsabilidade dos autores estudantes e não são compartilhadas pela universidade ou pelo corpo docente. Coordenador : Prof. Dr. Arthur Meucci (DPE/UFV)
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