(O filme Pirates of the Caribbean: On Stranger Tides, assim como diversas
outras obras cinematográficas, retrata a figura da sereia)
Na Mitologia Grega, sereias são seres metade mulher e metade
peixe (ou pássaro, segundo alguns escritores antigos) capazes de atrair e
encantar qualquer um que ouvisse o seu canto. Há muitos mitos que explicam sua “existência”,
alguns dizem que elas seriam mulheres que ofenderam a Deusa Afrodite (deusa da
beleza e do amor) e como castigo foram viver em um ilha isolada. Já outros
contam que elas eram ex-companheiras de Perséfone, filha de Zeus e Deméter, que
foi raptada por Hades, Deus do Submundo. Assim, as sereias devem sua aparência
a Deméter, que as castigou por terem sido negligentes ao cuidarem de sua filha.
Mas em uma característica todos os mitos concordam: os marinheiros que eram
atraídos pelo seu canto sedutor e se aproximavam o bastante para ouvir seu
belíssimo som, descuidavam-se e naufragavam.
Atualmente, essas figuras fazem parte não apenas da mitologia
grega, mas da cultura universal, retratando a personificação de aspectos do mar
ou os perigos que ele representa. Entretanto, há aqueles que defendem com unhas
e dentes a existência desses seres, jurando já tê-las vistos e procurando na
ciência teorias que possam comprovar sua presença em nossa realidade.
Uma dessas teorias é a Hipótese do Macaco Aquático, que, embora
tenha sido abandonada pela maioria dos cientistas ao longo dos anos, continuou
sendo estudada por pelo menos três estudiosos: Max Westenhofer, Sir Alister
Hardy e Elaine Morgan. Essa ideia supõe que ancestrais mais ou menos próximos
dos humanos teriam adotado, em um certo período, um estilo de vida
semiaquático, movidos pela necessidade de buscar alimento e segurança. Essa mudança
de ambiente teria influenciado a evolução e criado uma subespécie anfíbia,
enquanto nós continuávamos a nos desenvolver em ambiente terrestre.
A teoria ainda apresenta explicações, como o fato de sermos
os únicos primatas que não tem o corpo coberto por pelos, nossa capacidade de
controlar a respiração, nossas reservas de gordura, entre outras. E apesar de serem
questionadas e refutadas por detratores, as pesquisas aumentam em relação à
existência de seres aquáticos com uma linguagem tão complexa quanto a do ser
humano.
Mas nessa luta de verdade e mito, quem tem a razão? Há quem
diga que pensar em sereias na vida real é viver em um mundo de imaginação. Mas
também há quem diga que negar a possível existência desses seres em nosso
planeta é ser egoísta ao ponto de cogitar que somos os únicos capazes de passar
por um processo de evolução. A verdade, ao meu ver, é que não existem certos ou
errados.
Vivemos em um planeta que tem 71% de sua superfície coberta
por água; pesquisas apontam que 94% de todas as formas de vida são aquáticas e
deste número, 90% residem na “zona abissal” (região profunda do oceano,
variando entre 2.000 e 6.000 metros); mas, apesar disso, estima-se que apenas
cerca de 5% dos oceanos do mundo já foram explorados. Conhecemos melhor o
espaço do que nossos próprios oceanos. E ainda não temos capacidade para mudar
isso.
Dessa forma, seria inviável dizer que é impossível a vida de
uma forma de inteligência humanoide e aquática. Mas também seria errado dizer
que sereias são uma espécie, já que elas não se encaixariam no Critério de
Falseabilidade. Este diz que uma teoria só pode ser considerada científica quando
é possível prová-la falsa, ou seja, quando pode ser submetida a testes que a
refutem. Até o presente momento somos incapazes de realizar testes que dizem
respeito a sereias, assim como somos incapazes de procurá-las por todos os
oceanos.
Portanto, pelo olhar do falsificacionismo defendido por
Popper não seria possível dizer com convicção se sereias são ou não reais. Tudo
que sabemos é que elas continuarão sendo sempre seres extremamente marcantes em
nosso imaginário e cultura, por mais que façam ou não parte de nossa realidade.
Texto por: Maianna Medeiros
Matrícula: 99188
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