Na Grécia
Clássica verdade significava evidência, ou seja, aquilo que se mostra. Já na
Idade Moderna, pensadores criticam a verdade como evidência e a colocam em
dúvida. Finalmente, na Contemporaneidade surge a ideia pragmática de verdade,
que se torna mutável e utilitária de acordo com determinado contexto.
Um
dos filósofos contemporâneos que traz esse pensamento de verdade
pragmática é Friedrich Nietzsche. Segundo
ele “não existem fatos, somente interpretações”, ou seja, não existe uma verdade
concreta, existem diferentes pontos de vista de acordo com o contexto do
enunciador. Certo ou errado são questões de enunciado.
A fábula a
seguir pode trazer uma lição muito importante sobre o conceito contemporâneo de
verdade, ou seria quase verdade?
Fábula Indiana dos Cegos e o Elefante
Certo dia, um príncipe indiano mandou chamar
um grupo de cegos de nascença e os reuniu no pátio do palácio. Ao mesmo tempo,
mandou trazer um elefante e o colocou diante do grupo.
Em seguida, conduzindo-os pela mão, foi
levando os cegos até o elefante para que o apalpassem. Um apalpava a barriga,
outro a cauda, outro a orelha, outro a tromba, outro uma das pernas…
Quando todos os cegos tinham apalpado o
paquiderme, o príncipe ordenou que cada um explicasse aos outros como era o
elefante.
Então, o que tinha apalpado a barriga disse
que o elefante era como uma enorme panela.
O que tinha apalpado a cauda até os pelos da
extremidade, discordou e disse que o elefante se parecia mais com uma vassoura.
- “Nada disso”, interrompeu o que tinha
apalpado a orelha. “Se ele se parece com alguma coisa é com um grande leque
aberto.”.
O que apalpara a tromba deu uma risada e
interferiu:
- “Vocês estão por fora. O elefante tem a
forma, as ondulações e a flexibilidade de uma mangueira de água…”
- “Essa não”, replicou o que apalpara a
perna, “ele é redondo como uma grande mangueira, mas não tem nada de ondulações
nem de flexibilidade, é rígido como um poste…”
Os cegos se envolveram numa discussão sem
fim, cada um querendo provar que os outros estavam errados, e que o certo era o
que ele dizia. Evidentemente cada um se apoiava na sua própria experiência e
não conseguia entender como os demais podiam afirmar o que afirmavam.
O príncipe deixou-os falar para ver se
chegavam a um acordo, mas quando percebeu que eram incapazes de aceitar que os
outros podiam ter tido outras experiências, ordenou que se calassem.
- “O elefante é tudo isso que vocês falaram,
explicou. Tudo isso que cada um de vocês percebeu é só uma parte do elefante.
Não devem negar o que os outros perceberam. Deveriam juntar as experiências de
todos e tentar imaginar como a parte que cada um apalpou se une com as outras
para formar esse todo que é o elefante.”.
FIM
E como toda
fábula traz uma lição, esta não seria diferente não é mesmo? A principal lição
que ela traz é justamente sobre verdade, no sentido de mostrar que no enunciado
de cada um dos cegos existe uma verdade, mas as experiências de cada um são
limitadas e, por isso, suas visões são parciais. Então, para alcançar uma visão
mais integral possível deve-se chegar a um consenso geral dos argumentos,
lembrando sempre que chegar a uma verdade universal é impossível. Além disso, a fábula ensina sobre a importância
de não julgar as pessoas, porque seus pensamentos podem ser verdadeiros de acordo com seus
contextos.
Autora: Laura Fernandes de Souza.
Matrícula: 99190
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