Existem
diversas visões a respeito de ideologia. Para o senso comum, ela remete a um
conjunto de ideias que circulam na sociedade e, muitas vezes, ganha um sentido
negativo. O projeto de lei da chamada Escola Sem Partido, por exemplo, do plano
de governo do atual presidente Jair Bolsonaro propõe acabar com a ideologia nas
escolas. Nesse sentido, o conceito foi visto como algo ruim, mas em uma entrevista
para o Brasil de Fato, José Luiz Fiorin, um dos maiores especialistas
brasileiros em Pragmática, Semiótica e Análise do Discurso falou um pouco sobre
o assunto e ressaltou algo muito interessante a respeito do conceito de
ideologia:
“Brasil
de Fato: O que está por trás
dessa proposta de Escola Sem Partido, de escola sem ideologia? José Luiz Fiorin: Na verdade, a palavra
ideologia ganhou um sentido negativo. Ideologia é o posicionamento político do
outro. Hoje a direita diz que não tem ideologia, ou seja, eles tomam a
ideologia como se fosse alguma coisa não verdadeira e, em oposição a isso,
existe a verdade que é a adequação do discurso à realidade. Brasil de Fato: O que é ideologia
então? José Luiz Fiorin: Ideologia
compreende valores. Eu acho que aí está havendo uma 'mistureira' de coisas. A
escola precisa sempre estar ao lado dos valores da igualdade, da solidariedade
e da liberdade. Levar em conta estes valores e discutir esses valores não é
fazer propaganda política para um candidato. Acho que essas coisas vão se
misturando todas nessas discussão.” – Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2018/10/15/bolsonaro-e-escola-sem-partido-querem-educacao-que-ensine-ideologia-da-direita/
Já para Antonio Gramsci, a ideologia
circula em todas as classes e grupos sociais, uma vez que a infraestrutura e
superestrutura, se influenciam e se alteram mutuamente. Nesse contexto, sempre
existirá a disputa pela hegemonia de ideias.
Por fim, para Karl Marx a
ideologia seria somente da classe burguesa dominante que usava dessa carga
ideológica para alienar ainda mais a classe proletária dominada. Sendo assim, o
conhecimento que deveria ser universal e neutro era, na verdade, tendencioso.
Assim, a classe dominada acreditava naquela ideologia imaginando que ela fosse
universal.
A música “Ideologia” de Cazuza
faz uma crítica a situação política/social do país e possui alguns trechos que
trazem, na minha concepção, algumas ideias de Marx e de Gramsci. Observe
abaixo:
Que aquele garoto/ Que ia mudar o mundo/ Mudar
o mundo/ Frequenta agora/ As festas do
Grand Monde – Comentário: observa-se,
nestes trechos, que o eu-lírico que era sonhador acabou se integrando à
sociedade dominante, frequentando ambientes da alta sociedade e, provavelmente,
defendendo seus ideais. Nesse sentido, observa-se o aspecto do pensamento de
Marx onde a classe dominante com sua carga ideológica alienou o eu lírico.
Ideologia!/ Eu quero uma pra viver – Comentário: observa-se que o eu lírico,
diante da decepção com os ideais que acreditava, necessita de uma nova
ideologia para sobreviver. Nestes trechos, portanto, observa uma ideia voltada
mais para o pensamento de Gramsci em que ideologia é tratada como algo mais neutro,
mutável e não como forma de alienação
ressaltada por Marx.
Autora: Laura Fernandes de Souza.
Matrícula: 99190.
Autora: Laura Fernandes de Souza.
Matrícula: 99190.
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