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domingo, 10 de novembro de 2019

O poder da linguagem no livro 1984

Capa do livro de George Orwell.

Escrito pelo britânico George Orwell, é um romance distópico que fora publicado em 1949. O romance é ambientado na "Pista de Pouso Número 1" (anteriormente conhecida como Grã-Bretanha), uma província do superestado da Oceania, em um mundo de guerra perpétua, vigilância governamental onipresente e manipulação pública e histórica. Os habitantes deste superestado são ditados por um regime político totalitário eufemisticamente chamado de "Socialismo Inglês", encurtado para "Ingsoc" na novilíngua, a linguagem inventada pelo governo. O superestado está sob o controle da elite privilegiada do Partido Interno, um partido e um governo que persegue o individualismo e a liberdade de expressão como "crime de pensamento", que é aplicado pela "Polícia do Pensamento".
É válido destacar que os regimes totalitários e autoritários tem um grande interesse e preocupação com a linguagem. Não basta apenas calar aqueles que são contrários ao regime, é preciso inverter o sentido das palavras.
Isso faz lembrar os estudos de Mikhail Bakhtin sobre filosofia da linguagem de vertente marxista. Segundo ele, tudo que é ideológico é um signo, tem um significado e sendo assim sem signos não existem ideologias. Ademais, todo discurso pressupõe um outro que interage, mesmo em um monólogo. Toda comunicação pressupõe o outro, por isso ela é social e não individual. 
Outro autor, é Teun Van Djik que em seu livro intitulado "Discurso e Poder", discorre que o uso da linguagem, do discurso pertence ao nível micro da ordem social. Ele complementa através da Análise de Discurso Crítica, que o discurso pode controlar mentes e as mentes a ação. Para aqueles, então, que estão no poder é importante que controlem o discurso para terem efetividade na manipulação, por exemplo.
Nesse livro 1094, é bem perceptível a escolha das palavras para compor uma linguagem que visa manter um poder sobre as ações da população. Esse é o exemplo do slogan na província Pista de Pouso Número 1:

"Guerra é paz. Liberdade é escravidão. Ignorância é força."

"Guerra é paz": constantemente na região eram constantes as guerras, mas essas para justificar más condições de uma classe bem pobre. Significa manter uma situação beligerante para alimentar o sentimento de nacionalismo e evitar que as pessoas se unam contra a situação vigente. Afinal, tudo irá melhorar depois que “vencermos a guerra”.

"Liberdade é escravidão.": é a falsa sensação de liberdade que os cidadãos pensam em ter. No livro, cada cidadão tem o seu "minuto de ódio" para vociferar palavras de ódio ao inimigo e logo após isso voltam para suas vidas pacatas e superficiais.

"Ignorância é força.": a ignorância é a força do Partido e de seus reais seguidores. Esse controle da idiotice alheia era feito de inúmeras formas, dentre as quais se destaca o fato de que os próprios pensamentos poderiam ser controlados.


Alice Ruschel Mochko
99178

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