Em
1940, Benjamin Lee Whorf,
um engenheiro químico interessado em antropologia, publicou o artigo “Ciência e
linguística” na revista do Instituto
de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), nos Estados Unidos. No texto, Whorf aplicava as ideias do linguista
alemão Edward Sapir sobre a influência da linguagem no modo de pensar
dos indivíduos – ele defendia a tese de que os indígenas americanos
tinham uma visão de mundo diferente dos falantes de inglês porque suas línguas
originais não diferenciam a conjugação dos tempos verbais. Devido a essa
peculiaridade, os nativos tinham dificuldade de compreender o conceito de temporalidade, mas
conseguiriam intuir a teoria da
relatividade de Albert
Einstein, segundo a qual o tempo passa de forma diferente de acordo com
o ponto de vista do observador.
Essa
teoria sobre como a língua materna molda a forma como vemos o mundo recebeu o
nome de Hipótese Sapir-Whorf,
ou relativismo linguístico.
Nas últimas décadas, cientistas tentaram provar essa teoria por meio de várias
experiências. Nenhum deles foi tão bem-sucedido quanto o cineasta
canadense Denis Villeneuve no
filme A chegada, que
estreou na quinta-feira (24). Valendo-se dos recursos da ficção científica,
Villeneuve coloca em prática os conceitos de Sapir-Whorf. Mas, em vez de
línguas humanas, a trama se debruça sobre línguas alienígenas.
Em A
chegada, a análise da linguista Louise conclui que o idioma dos
alienígenas não se apoia em definições claras de presente, passado e futuro.
Por isso, a escrita extraterrestre não é linear como as línguas humanas,
escritas da direita para a esquerda ou da esquerda para a direita. Todas as
palavras se juntam em símbolos circulares nos quais os verbos não têm
conjugação. Tampouco há correspondência entre a língua falada e a língua
escrita. Os alienígenas falam por meio de sons que a garganta humana é incapaz
de imitar, mas os círculos que eles escrevem não são a representação gráfica
desse discurso. É nesse aspecto que A chegada se torna um
filme mais ficcional que científico. Segundo a linguista Jessica, há sempre uma
correspondência entre o escrito e o falado nas línguas humanas. Mas esse é o
tipo de licença poética (ou, no caso, científica) que cabe bem nos filmes de
ETs.
Laísa Rodrigues de Menezes, 99197
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