A
arte nos circunda em tudo. Na sociedade atual, se prestarmos o mínimo de
atenção, o singelo ou incrédulo pode se transformar em arte. No entanto, tempos
atrás o primeiro conceito de elaboração de arte era “uma mimese da natureza”,
isto é, uma imitação e reprodução sobre o mundo da natureza. Existem duas
grandes correntes que discorrem sobre o conceito de arte: a de Aristóteles e de
Platão. A primeira diz que a arte é superior à natureza, enquanto que a segunda
afirma que a arte é inferior ao mundo.
Apoiando-se nessas duas visões, podemos compreender que a
arte é uma réplica mal feita do mundo, seria a manipulação da realidade
(corrente platônica). Isso me recorda de uma música do Lulu Santos chamada Tempos Modernos. Há um trecho muito interessante nela que merece destaque:
Hoje o tempo voa, amor
Escorre pelas mãos
E não há tempo que volte
amor
Vamos viver tudo que há
pra viver
Vamos nos permitir
A música é uma arte, pois há nela uma reconfiguração de
uma visão de mundo do cantor que a traduz em melodias e acordes. Sendo assim,
destaco algumas frases importantes:
“Hoje o tempo voa, amor”
“Escorre pelas mãos”
Nessa parte, é
perceptível notar um sentido totalmente diferente do usual que estamos
acostumados. Sobre o tempo voar, é uma metáfora, pois o tempo não voa e muito
menos escorre pelas nossas mãos. Contudo, essa reprodução artística permite a
aplicação de um significado muito maior e profundo que causa uma catarse, um
êxtase em quem ouve a música. Dessa forma, ao mesmo tempo que a própria
metáfora renuncia a realidade vivenciada por nós dando novos sentidos (corrente
aristotélica), ela também é uma reprodução do nosso real e não necessariamente
tal como é.
Seja da corrente
aristotélica, onde a arte é superior a natureza ou da corrente platônica que
discorre que a arte é inferior ao mundo, uma coisa é fato: a arte está por aí.
Alice Ruschel Mochko
99178
Alice Ruschel Mochko
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